vulcões
provavelmente eu sempre soube
que se a barreira se rompesse
você ia me inundar
eu me afogaria em acalanto
nas lavas que teu toque expele em mim
só que hoje
duas primaveras depois
percebo que a erupção se iniciou quando você entrou naquela sala
se sentou atrás de mim
e se apresentou em voz alta
te olhei com uma curiosidade expressiva
e ainda hoje
você é um mistério
até hoje ainda me surpreendo
com o tanto de você que eu descubro
no seu coração
e no meu.
eu não poderia te entregar nada além de lavas
que apenas fazem fumaça
queimam em terceiro plano
antes de semana passada
mesmo sabendo os perigos dessa estrutura
e estabelecendo vigas
cimento
e outros planos
enquanto essa primavera começava
o meio termo entre verão
e inverno
me trouxe todas essas sensações
antes das três da tarde.
choveu forte durante sua ausência
e perto do meio dia
foi a transição da tempestade
pra garoa
e quando eu ouvi sua voz
o sol se misturou com o calor
da lava
que hoje grita um laranja
muito anterior à fumaça
eu quis poder me fundir ao seu vulcão
queimar junto com você,
não apenas em você.
eu queria que nossa história se tornasse cinzas
e que voassem pra sempre pelos céus
e não rastros de um incêndio visto de longe
que após alguns momentos
desaparece.
suas cinzas estão no meu ar, agora, elas dançam enquanto as minhas também.