vulcões

provavelmente eu sempre soube

que se a barreira se rompesse

você ia me inundar

eu me afogaria em acalanto

nas lavas que teu toque expele em mim

só que hoje

duas primaveras depois

percebo que a erupção se iniciou quando você entrou naquela sala

se sentou atrás de mim

e se apresentou em voz alta

te olhei com uma curiosidade expressiva

e ainda hoje

você é um mistério

até hoje ainda me surpreendo

com o tanto de você que eu descubro

no seu coração

e no meu.

eu não poderia te entregar nada além de lavas

que apenas fazem fumaça

queimam em terceiro plano

antes de semana passada

mesmo sabendo os perigos dessa estrutura

e estabelecendo vigas

cimento

e outros planos

enquanto essa primavera começava

o meio termo entre verão

e inverno

me trouxe todas essas sensações

antes das três da tarde.

choveu forte durante sua ausência

e perto do meio dia

foi a transição da tempestade

pra garoa

e quando eu ouvi sua voz

o sol se misturou com o calor

da lava

que hoje grita um laranja

muito anterior à fumaça

eu quis poder me fundir ao seu vulcão

queimar junto com você,

não apenas em você.

eu queria que nossa história se tornasse cinzas

e que voassem pra sempre pelos céus

e não rastros de um incêndio visto de longe

que após alguns momentos

desaparece.

suas cinzas estão no meu ar, agora, elas dançam enquanto as minhas também.

Carmen Tina
Enviado por Carmen Tina em 25/09/2021
Reeditado em 26/09/2021
Código do texto: T7350494
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