O solta às bruxas

Estou aqui de volta e de novo a pensar em ciclos.

Eu sou amigo infiel às coisas escritas.

Volto sempre quando nada está bem, quando a mente é tão agitada que não sobra espaço pra coisas banais, como o sono

Meu redemoinho é difícil minha amiga, por isso eu preciso disso.

O lado de fora continua externando energia, alegria e aquele insuportável jeito intenso.

Pra dentro sobra isso.

Sobra a melancolia, as letras não ditas, o cansaço, aqui que mora o nosso abismo.

Esse abismo que a pessoa do dia nunca quer ver, e por isso a da noite precisa lidar sem bico.

Eu estou cansada.

Seja cansado ou cansada.

[eu mudo o que posso e o que digo]

Eu sou essa mulher ranzinza que vive amontoada de risos, de lágrimas e discos.

Ele é aquela versão esquisita de um bom, dedicado e inteligente menino.

Eu não quero ser ele, eu quero ser comigo.

Sozinha como sempre fui, vivendo essa amargura de viver num presídio.

Eu sou a força que ele busca de dia, e finge que não encontra consigo.

Sou a natureza que nele se manifesta.

Sou o que ele mais teme encontrar no abismo.

A figura mais encarnada da bruxa.

A bruxa dos seus sonhos antigos.

Por ser quem sou movimento toda força comigo

Mas ele faz como todo homem e acha que a força está consigo

A natureza sempre se liga na bruxa, e ele se conecta comigo

Quando chama as ancestrais, quando sente o libido, quando move o mundo a sua volta, é a bruxa em seu caminho.

A bruxa está com ele, com você, consigo

A bruxa é a criação, não é atoa que quase todo parto é feminino.

Ele pode ser um bom rapaz durante o dia, mas à noite

A noite é minha

Sou eu quem domino

Lucas Viana
Enviado por Lucas Viana em 28/09/2021
Reeditado em 28/09/2021
Código do texto: T7351904
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