O AMOR É A “SUBSTÂNCIA” DE DEUS?

"O mundo me intriga. Não posso imaginar que este relógio

exista e não haja relojoeiro"

(Voltaire)

Perdido a que m’encontro, tento olhar o impenetrável invisível

A pretender ouvir, quem sabe, o enigmático som do silêncio

A tocar com avidez o corpo do vazio

Mas, se m'encontro (no qu'eu acho!)... não estou...perdido!?

Encontrei-me, pois visto que me achei...

...ou porque assim eu acho (eu suponho)?

Por que alguém diria ser irreal o que outro sonha

...quando par’ele seria tão verdadeiro e tão exato?

Longe de tudo... tudo... tudo...

Perto de nada...nada... nada...

E o que seria... tudo?

E que não é... nada?

Ou o nada é... alguma coisa?

Se o for, não pode não ser... nada

Do nada... que não... existe

“Matéria escura” a qu’então... seria [o nada]?

A imensidade do espaço (onde mora... tudo)

No corpo místico do tempo (em que s’esconde...o nada)

E ond’está... Deus?

E seria Deus um “sim” para... tudo?

Ou O seria uma negação... de tudo

... no qual Ele não seria... nada?

E assim, Ele seria... um “não”?

Oh! Seria "concreto" só por se ser objetivo ou real?

E seria abstrato por se considerar impalpável ou mesmo imaginário?

Explicar-me-ei a partir d'uma mística questão:

Deus!

Substantivo... concreto

Amor!

Substantivo... abstrato

Deus!

Qual é a “substância”... de Deus?

Seria, pois,... o “amor”?

Então, o amor é... “substancial”?

E assim, temos nest’hora... um grande paradoxo

"Concreto e abstrato"... n'um único e mesmo ser

Já que é dito e tanto se repete que... "Deus é amor"!

E então, como se explica?

Por séculos o Homem quebra a cabeça com isto

Bem, sob uma ótica religiosa, oh! sem problemas em dizer que

["Deus é amor"

Mas, e sob um ângulo humanamente mundano, poder-se-ia

[dizer que o amor é também... Deus?

Talvez não, visto que na maioria das vezes... "este" amor passa

E, Deus, como se é sabido, é eterno... em sua substância

Agora, eis que me adentro no obscuro campo da Filosofia

O que, analisando a partir d'um silogismo prático, podemos afirmar:

Já que o humano amor passa, é por não ser concreto em nossas vidas

Sendo apenas... um'abstração d'um desejo frustrante

O qual não se concretiza (psicanaliticamente dizendo)

Ou não permanece... ad aeternum (como se diz em Teologia)

Identificando, deste modo, o amor, quem sabe, apenas como um

["substantivo abstrato"

Ao passo que Deus...

Ah! Deus... só pode mesmo ser concreto

Do contrário nada nem ninguém aqui s'haveria

Ou seja, Deus é a nossa única e concreta esperança

Mesmo que a esperança seja um "substantivo abstrato"

Lembremos do relógio e do relojoeiro segundo o incrível Voltaire

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12/10/2021

“Sai e busca”

(Buda)

Estevan Hovadick
Enviado por Estevan Hovadick em 12/10/2021
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