AS ILUSÕES DA HUMANIDADE

Os seres humanos transportam no seu interior, intrinsecamente, diversas inquietações, que de acordo com a sua evolução individual, tornam-se mais ou menos agudas, acompanhando-os em caráter permanente, como aguilhões tirando-lhes a tranquilidade. Como uma maneira de se defender, ou se esconder desse assédio, as pessoas idealizam ilusões, e a elas se agarram, na tentativa de transformá-las em convicções, que lhes assegurem a desejada tranquilidade. Mas, essas ilusões são efêmeras, fugazes, transitórias, e rapidamente se desvanecem nas nuvens, manifestando-se nas atividades humanas, especialmente nas crenças e superstições, e também nas artes de um modo geral, onde se inclui a literatura, na prosa e no verso, como se observa pela enorme produção dos ingredientes de autoajuda, transformada em um cobiçado manancial eclético, mesclando vaidade e comércio, como cópia parcial dos métodos empregados pelas denominações teológicas. Também inseridos nesse contexto, estão os divãs dos profissionais que cuidam das mentes atormentadas, a cada dia mais requisitados pela clientela que aumenta assustadoramente, ora aceleradas pela terrível pandemia.

Na busca por lenitivos para os seus tormentos, as pessoas incentivam o surgimento dos “milagreiros” tipo “João de deus”, dos “filósofos” e “coaching*s” que ensinam sobre a plena felicidade, e que indicam a senda do sucesso para as pessoas, não bastasse o enorme contingente de escribas que infestam o meio ambiente, poluindo o cérebro das multidões, e que estão espalhados nas redes de supermercados da fé, proclamando a teologia da prosperidade, e fazendo milagres no atacado.

Esses espertalhões encontram um terreno fértil para a plantação das suas ervas daninhas, pois de um modo geral, as pessoas vivem em função do ego, tentando envolvê-lo em um clima ameno, mas ilusório, quando deveriam se concentrar no eu, enfrentando a realidade e buscando o verdadeiro significado dos fenômenos existenciais, que estão dentro de si mesmos, onde estão o céu, o inferno e a sua natureza. Ocorre que essa introspecção exige meditação profunda, e subsídios obtidos no estudo da Bíblia, e de autores respeitáveis no âmbito espiritual, como Jacob Boehme, Francis Collins, Helena Petrovna Blavatsky, C. S, Lewis, Huberto Rohden, entre outros, para a construção de convicções que transcendem a racionalidade, e que possibilitam se livrar da angústia e dos tormentos permanentes, produzidos pela escassez de conhecimentos espirituais. Essa tarefa é pessoal e intransferível, da mesma forma que também são pessoais e intransferíveis esses mesmos conhecimentos obtidos, que se tornam um precioso e inalienável patrimônio pessoal.

O motor que impulsiona os seres humanos no seu inferno interior, é movido por quatro tipos de combustíveis, ou seja, a cobiça, a inveja, o orgulho e o ódio, que formam a estrutura infernal e pessoal de cada indivíduo, em proporções desiguais, por isso, determinando também a desigualdade na qualidade individual. A evolução espiritual neutraliza e substitui esses combustíveis, modificando radicalmente o indivíduo, levando-o para o lado do bem, que envolve a solidariedade e o amor para com o próximo, o que é percebido claramente pelos seus conviventes, pela sensatez que irradia naturalmente no comportamento e nas ações.

Assim como para obter os conhecimentos racionais é preciso se dedicar aos estudos, à leitura, e a observação atenta dos fenômenos que ocorrem nas circunstâncias pessoais, também para a obtenção dos conhecimentos espirituais é necessário se dedicar aos estudos da Bíblia e das obras de pessoas reconhecidamente espiritualizadas. O conhecimento espiritual, é muito complexo, e somente se deixa apreender pelos que não medem esforços para obtê-lo, e que forem contemplados pela Graça. Os preguiçosos se limitam a engolir e regurgitar aqueles conhecimentos racionais que lhe são maliciosamente oferecidos pelos sofistas da propaganda racional e também pelos escribas e fariseus que infestam os supermercados da fé, baseados na literalidade da Bíblia, e nas fábulas e genealogias. Em se tratando da evolução espiritual, não existem regras preestabelecidas, pois o interesse no seu desenvolvimento é pessoal, e a “chave” que desata o “nó” existente na linha divisória entre a razão e o espírito humano, permitindo a sua transcendência, está exclusivamente na intuição, por onde se escoa o fluxo da relação espiritual humana com a Divindade, cujo “gatilho” não está em poder dos seres humanos, e o seu “disparo” acarreta o novo nascimento e proporciona a intercorrência dos insights espirituais, condutores do conhecimento de Deus, cujos insights são intuitivamente apreendidos. Portanto, faz sentido a afirmação de Albert Einstein, que assim se expressou, revelando o seu pensamento sobre Deus e sobre a sua própria crença: “Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do universo – o único caminho é a intuição. A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia. Acredito no Deus de Espinosa, que se revela por Si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pelo destino e pelas ações dos homens. Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela no pouco que nós, com nossa fraca e transitória compreensão, podemos entender da realidade”.

Para o ser humano não existe o que seja mais importante do que ser contemplado com a Graça Divina, e consequentemente, nascer de novo, concomitantemente com o nascimento (ressurreição) de Cristo, como se observa nos textos bíblicos.

Jesus lhe respondeu: Em verdade, em verdade vos digo que ninguém pode ver o reino de Deus se não nascer de novo. Em verdade, em verdade vos digo que se alguém não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. (João 3:3,5)

Mas Deus, que é rico em misericórdia, pelo imenso amor com que nos amou, estando nós ainda mortos em nossos pecados, deu-nos vida juntamente com Cristo (pela Graça sois salvos), e nos ressuscitou juntamente com ele, e com ele nos fez assentar nas regiões celestiais em Cristo Jesus. Porque pela Graça sois salvos, por meio da fé, e isto não vem de vós, é dom de Deus, não vem das obras, para que ninguém se orgulhe. Pois fomos feitos por ele, criados em Cristo Jesus para boas obras, previamente preparadas por Deus para que andássemos nelas. (Efésios 2:4 a 10)

Portanto, fica bem claro que Deus não necessita de intermediários (papa, cardeal, bispo, padre, diácono, monsenhor, pastor, ancião, etc.), que são os escribas, hipócritas, censurados por Cristo em Mateus 23:1 a 39, que nada mais são, senão os profissionais da “fé”, a serviço dos supermercados da fé, que formam as redes integradas pelas denominações teológicas.

O desenvolvimento da espiritualidade é uma questão pessoal, e cada indivíduo é o único responsável pelo interesse e pela busca da sua evolução. O cenário instalado no Planeta indica que devemos nos apressar para alcançar a nossa definição espiritual, incluindo-nos entre os remanescentes (Romanos 9:27) antes que as portas sejam fechadas definitivamente.

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 02/11/2021
Código do texto: T7376892
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2021. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.