SEM INTERMEDIÁRIOS

O escritor português José Saramago (1922-2010) era um ateu convicto, até mesmo um ferrenho combatente contra a religião, e expressava essa sua postura em críticas bem explícitas sobre a religiosidade. São infinitas as produções literárias que derivam ou se referem à Bíblia, em vários sentidos, mas sempre pelo canal racional, que mantém essas produções apenas na superficialidade do seu sentido literal, baseando-se somente nas fábulas e genealogias, as quais a própria Bíblia orienta para ignorá-las, como se pode verificar em I Timóteo 1:4 e Tito 3:9, incluindo as leis mosaicas, que se tornam inúteis com o advento da Graça em Cristo, pelo Espírito, cujas fábulas, genealogias e as leis mosaicas, são como o leite para alimentação apenas das crianças espirituais.

A linguagem que realmente interessa na Bíblia é espiritual, distribuída em fragmentos esparsos, e camuflada pelas histórias, fábulas, genealogias e metáforas, cujo sentido efetivo somente pode ser percebido também pelo espírito, e ainda na medida da compatibilidade dos dons conferidos pela espiritualidade dos indivíduos. Esse bloqueio não é casual, como se vê em Mateus 13:10 a 17, nas palavras de Jesus Cristo, dirigidas aos seus discípulos, explicando porque falava somente por meio de parábolas.

Assim, se para os crentes, porém no estágio infantil, não é possível penetrar no sentido subjacente das Escrituras, muito mais difícil para os ateus, como Saramago por exemplo. Aliás, na verdade, tanto as crianças espirituais, como os ateus e agnósticos, carregam no seu íntimo, a frustração causada pelas suas dificuldades, que lhes impedem de alcançar os conhecimentos espirituais, onde se encontram as respostas para todas as perguntas, mesmo porque tais respostas são incompreensíveis pela racionalidade, mesmo que lhe sejam expostas, pois a compreensão se transmite de espírito para espírito, como se observa em I Coríntios 2:14,15.

A percepção dessa peculiaridade não escapou do físico, nada menos que Albert Einstein, como se observa no que ele disse. Albert Einstein assim se expressou, revelando o seu pensamento sobre Deus e sobre a sua própria crença: “Não existe nenhum caminho lógico para a descoberta das leis do universo – o único caminho é a intuição. A religião do futuro será cósmica e transcenderá um Deus pessoal, evitando os dogmas e a teologia. Acredito no Deus de Espinoza, que se revela por Si mesmo na harmonia de tudo o que existe, e não no Deus que se interessa pelo destino e pelas ações dos homens. Minha religiosidade consiste em uma humilde admiração pelo espírito infinitamente superior que se revela no pouco que nós, com nossa fraca e transitória compreensão, podemos entender da realidade”, e ainda:

“Tudo está determinado, o começo e o fim, por forças sobre as quais não temos controle. É determinado para um inseto, e para uma estrela. Seres humanos, verduras ou poeira cósmica... todos nós dançamos uma música misteriosa, tocada à distância por um músico invisível”, cujas palavras, ele disse numa entrevista publicada em 26 de outubro de 1929 pelo semanal americano The Saturday Evening Post.

Por outro lado, existe mesmo uma forte tendência do maior afastamento dos intelectuais em relação às religiões, as quais se baseiam justamente nas fábulas e genealogias e nas leis mosaicas, para a sua difusão, e cujos exemplos ao longo da história não são nada recomendáveis, o que não escapa da percepção das pessoas mais instruídas, que logo delas se afastam. Nos países mais desenvolvidos da Europa, os templos estão vazios, desocupados e inativos; as {ovelhas} são mais espertas, dispensaram os intermediários, seguindo cada uma o seu caminho, conforme as suas convicções, pelas quais cada uma assume a sua responsabilidade, e assim, deixam de conferir poder financeiro e político, que são na verdade o que interessa às redes de supermercados da fé, ou seja, as denominações teológicas, conduzidas pelos escribas e sustentada pelos fariseus. (Mateus 23:1 a 39)

Os ensinamentos da Teosofia não têm afinidade com as ladainhas caóticas dos escribas das denominações teológicas, e vice-versa, pois o fundamento da sabedoria divina está na Graça, e não nas leis mosaicas e ou nas fábulas e genealogias, que servem de base para esses mercados da fé, e a Graça não é do interesse desses sofistas, pois ela dispensa sumariamente os intermediários entre Deus e os seres humanos, exatamente o lugar ocupado pelas redes de supermercados da fé, cujos objetivos verdadeiros são as riquezas patrimoniais e o poder político, conferido pelo enorme contingente de humildes e ingênuas {ovelhas}, que satisfazem esses objetivos.

Com efeito, esse nebuloso contexto gera um sério problema, para as poucas pessoas que buscam uma melhor definição para aquelas questões mais complexas, e que insistem na obtenção de respostas satisfatórias para as suas angustiantes inquietações, mas somente através da racionalidade, por onde jamais as encontrarão. O caminho, além de estudar a Bíblia, é também estudar aqueles que transcenderam a razão e alcançaram os conhecimentos espirituais, como Jacob Boehme, C. S. Lewis, Huberto Rohden, Francis Sellers Collins, Baruch de Espinoza, Pierre Teilhard. de Chardin, entre outros, e a própria Internet aí está à disposição, para as pesquisas dos que procuram a evolução espiritual.

Para aqueles que navegam nas sutilezas dos sofismas, alimentando o Ego e se esquecendo do Eu, interessados no Ter e não no Ser, essas indicações não são convenientes, poupando-se o seu tempo. Como disse Jacob Boehme, {não vão a esses armazéns}, pois aí não se encontram aquelas {mercadorias} que procuram... O caminho da racionalidade segue na direção paralela ao caminho da espiritualidade, e os dois se juntam a partir do novo nascimento no espírito, obtido pela Misericórdia do Pai, pelo Amor e pela Graça do Filho, na Unção do Espírito Santo. A partir desse instante, nasce o verdadeiro Cristão, que recebe os dons que o capacitam para cumprir a sua missão evangelizadora conforme (I Coríntios 12:1 a 11).

Hebreus 5:4 – Ninguém toma essa honra para si, a não ser quando é chamado por Deus, como o foi Arão.

Portanto, apenas o novo nascimento obtido pela Graça, é que confere ao Cristão renascido, a honra de exercitar os dons que lhe foram atribuídos, como faziam os profetas primitivos, e não como se nota na atualidade, essa infestação de sofistas, travestidos de profetas e afins, iludindo as {ovelhas} humildes e ingênuas, e buscando realmente as riquezas e poder político, todos seguindo os exemplos da velha professora, a mais antiga denominação teológica, a empresa mais rica e poderosa da face da terra, que inclusive se tornou um estado independente, com o nome de Estado do Vaticano, através do acordo formalizado em 11-o2-1929, firmado pelo ditador fascista Benito Mussolini e o papa Pio XI, pelo Tratado de Latrão. Escrito com “t” mesmo, quase expressando a realidade subjacente.

Os chamados “cristãos de boca”, (definição de Jacob Boehme), que não são ateus, mas tampouco (cristãos renascidos), devem descer do muro e buscar a sua efetiva definição, escapando das armadilhas dos escribas e dos supermercados da fé, pois sem o passaporte do (novo nascimento) não é possível entrar no reino de Deus (João 3:3,5).

Edgar Alexandroni
Enviado por Edgar Alexandroni em 04/11/2021
Código do texto: T7378437
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