entre a vida e a morte nunca houve música mais triste

     A fonte da poesia viva secou-se junto ao pranto que se calou. Eu nunca mais consegui cantar a plenos pulmões, a coragem que outrora me representava se perdeu porque me cansei de ser motivo de piada dos outros, de pilhérias e traições.

     Nunca perdi a fé em dias melhores e em sonhos realizados, mas minha força resiste em retaliação ao medo que quer me engolir e me tragar sem piedade.

     Só se ouviram os passos calculados do tempo. Ademais, silêncio. As vozes se calaram, ninguém mais cantou.      Poesia e subversão compartilharam a punição. Não havia grades, mas o mundo era uma prisão. O medo se estampava nos olhos opacos da multidão, trotando sem um rumo concreto.

     Entre a vida e a morte nunca houve música mais triste.

 

outubro/2016

Marisol Luz (Mary)
Enviado por Marisol Luz (Mary) em 08/11/2021
Reeditado em 08/01/2022
Código do texto: T7380840
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