Guela abaixo

A religião sempre será um paradoxo para a sociedade. Ela se colocou ou tentou ao longo de sua existência ser o ente transformador do viver humano.

E pelo princípio da fé e historicidade carrega em si o fundamento da verdade, a única verdade. Contudo, a religiosidade sempre foi diversa, e nunca deixará de ser porque é uma construção humana. Há quem acredite que a fé também seja.

O erro de leitura é achar que religião é o mesmo que fé. E que fé é o mesmo que igreja/denominação. Erro esse cometido por aqueles que estão intra e entre muros na relação religião e sociedade ou igreja e mundo.

A estratégia dessa religiosidade sempre foi de transformar o homem de dentro para fora. Mas, hoje declaradamente há uma tentativa de transformar a igreja de fora para dentro. O discurso ideológico de lutar e resistir vale para os dois lados.

Não tenho dúvidas que o ‘mundo’ irá prosseguir em suas investidas, e não está em jogo apenas a relação entre sagrado e profano. A questão é saber o quanto o sagrado vai resistir, e se de fato está disposto em resistir.

A guerra é declarada e a tentativa de imposição é aberta. Ambas tentam empurrar guela a baixo suas ideias e princípios.

O paradoxo continua: laicidade ou santidade? Inclusão ou eleição? Efemeridade ou permanência? E tantas outras inquietações...

As pedras que antes jogadas na areia foram relançadas na linha do tempo e continuam sendo questionada pelo autor da história: “Aquele que dentre vós está sem pecado seja o primeiro que atire pedra”.