Efeito do Uísque?

Estou em casa. A hora do almoço se aproximando e eu, sozinho, bebericando uísque, ouvindo jazz, acabei de ler o conto “Amor”, de Clarice Lispector, e busco identificar o meu “cego”. Todos temos um cego. Aquele que nos mostra a pasmaceira que é a vida quando tudo acontece de modo previsível, sem cintilações, que não nos permite enxergar o que o cego, de sua escuridão, mostra: a necessidade de se ir em busca da própria sombra; olhar o seu avesso.

Mas, creio, não é bastante encontrar o “cego”, se não tiver a coragem de mudar o foco da luz para o outro palco e nele encarnar a nova personagem e não apenas ficar conjugando indefinidamente o verbo sonhar.

Difícil? Sim, é difícil. Mas não impossível.

Hegler Horta
Enviado por Hegler Horta em 04/01/2022
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