O que é a morte?

Mas afinal, o que é a morte?

Cada um tem sua crença, convicção, achismo, mas em unanimidade, a morte é o vazio, a ausência, o remorso e a saudade.

O cemitério não é o fim, nem a pior parte, é só o começo. O pior é chegar em casa.

É olhar aqueles sapatos no canto do armário, e saber que eles não serão mais calçados. É olhar as roupas no varal, e lembrar que a pessoa nem teve tempo de recolhê-las, mas você ainda não tem coragem de tirar elas de lá, ainda não sabe o que fazer com aquelas roupas limpas, que ela nunca mais vai usar. Ainda está tudo ali, a escova de dente, o pente, os produtos, o travesseiro antigo, o óculos... Nossos olhos passam ao redor da casa toda e de todas as coisas que a pessoa deixou, e a gente sente um vazio que sufoca, se é que isso faz sentido.

Nossa mente prega peças, a gente ouve os passos da pessoa, ouve a voz, ouve os barulhos que ela costumava fazer, e por alguns segundos a gente sorri, achando que ela tá ali e que foi tudo um mal entendido, mas ela não está, ela nunca mais vai voltar. Ela não vai mais atender o telefone, não vai mais te receber quando você chegar, não vai mais chamar seu nome, nem te perturbar. Seu lugar à mesa está vazio, sua poltrona preferida parece que não se encaixa mais ali, pois está vazia. Só restou a ausência, ausência doída de quem sempre foi tão presente.

A gente sempre quer mais tempo, não importa se a pessoa viveu 90 anos, você queria ter tido outra chance. Chance de deixar as mágoas e brigas de lado, chance de dar mais carinho, mais atenção, você quer só mais uma oportunidade de dizer à pessoa que você a amava, ou de pedir perdão, de mostrar que ela era importante pra você, mas agora é tarde demais.

A saudade é o que mais dói, pois vai doer sempre, com o tempo não vai doer menos, você só estará mais acostumado com a dor. Tem algo místico na saudade, você sente falta de coisas que nem lembrava mais, seja algo muito antigo, ou um detalhe que a vida toda passou despercebido, e de repente está ali, vívido na sua mente. Você sente falta das coisas que te irritava, da chatice, das broncas, das histórias... Ah, as histórias...

Nem sempre há consolo na morte, dizemos toda sorte de coisas como “descansou”, “Deus quis assim”, “chegou a hora dela”, e o outro sorri e agradece o apoio.

E seguimos a vida, pois por algum tempo ela continua, até chegar nossa vez de virar saudade.

Natália Alessandra
Enviado por Natália Alessandra em 04/01/2022
Código do texto: T7421872
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