“ A GOTA D’ÁGUA “

“A GOTA D’ÁGUA“

Da que transborda a medida não podendo discernir se é a primeira ou a última a precipitar-se da vasilha

Da que traz frescor a taça posta à mesa num instante sôfrego pelo causticante sol

Da que se ponha a contar por vencer o ensurdecedor silêncio oco mundo vão madrugada

Da que se preste atenção ou intensão mero olhar por ela passar e

notar como acaso

Da que queira dar alento ao lhe ver sobre o rosto roto ou nesta face buscar

seu rastro fato

Gota que se furta a vaidade de ser vista que apenas tarda e trata como mero o que a esta caro também não o é

Gota sem a qual tal medida não se alcança para que enfim haja bonança

Gota que se compara aos brancos ossos desses de múltiplas cores que insípidos se vão

Gota que a tantas outras se junta formando as águas de março a repaginar o verão

Gota que não por moda veste um corpo e logo se vai mas que lhe inunda de vida

Ponto final gota da que se dá a entender por sua força aguda encharcada pena erguida guiada por um mortal

Mais vale tu poeta tua inspiração e textos que este fatídico ponto antídoto a trazer-nos de volta ao mundo real

Tito Trugilho, 07 de janeiro de 2022

Tito Trugilho
Enviado por Tito Trugilho em 07/01/2022
Reeditado em 07/01/2022
Código do texto: T7423998
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