Internado

O corpo tem seu curso

Ao chegar a uma estação

Deixa um pedaço de si

Que no amanhã

No seu todo fará falta

Passando noutras estações

Mais fragmentos da existência

Vão ficando

Nos intervalos

Sempre intercorrências

Baterão à porta

Seja nos fazendo parar

Para avaliar

Seja para nos anunciar

Que algo está além do alcance

Para se continuar a caminhada

Nesses instantes do pensar

Um turbilhão de impaciências

Vêm à tona

De um simples zumbido

À incompreensão alheia

Se instala

Geralmente os mais próximos

Sentem a antipatia

Egoísmo? Não

Mera defesa inconsciente,

De se buscar um isolamento reflexivo, quiçá...

A impaciência dos desarranjos internos

Impõe novas ideias e vãs raciocínios

Que o tempo da e na vida

É implacável aos mortais

Nos mostrar

E no saber amadurecido

Do que se passou, passa ou passará

Impõe-se a pensar

O passado sem volta (e não tem como)

Só saudades tomarão conta

Do presente

E o futuro, incerto do por vir

Será a única certeza que inda

Estar-se caminhando sem saber

Quando e onde se vai

Definitiva e fisicamente, chegar

Divagações de um mero

Internado é o que pode

Unicamente concluir

este pensar...

Sebastiao Uchoa
Enviado por Sebastiao Uchoa em 04/03/2022
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