Amigos, transtornos e uma dose de felicidade

Ao longo dos meus anos de vida, um tema sempre esteve em discussões íntimas, tenha sido de forma racional ou emocional. Essas discussões foram sobre o status de "amigo". A princípio, quando eu ainda não possuía experiências o suficiente para poder definir, por mim, o valor e significado desse tipo de relação, acabei por adotar o que tinha de significação por aí e fui aplicando e experienciando. Para a esmagadora quantidade de testes realizados, marcas de fracasso e de que não era bem aquilo que acabei adotando. O resultado geral: frustração que se somava a uma baixa autoestima de não ser competente, de não estar disposta o suficiente, de não compreender e ser flexível o tanto necessário. O impacto disso? Distância e isolamento em múltiplos níveis, ou seja, muitos detalhes não me permitiram sentir ser parte do que quer que fosse.

Mas, olhando pra passado com a visão de hoje, acho que eu teria me saído muito bem se esse isolamento tivesse sido levado ao pé da letra, onde eu tivesse sido transportada a um nível fantasmagórico e inalcançável. Porém, não foi assim que aconteceu. Eu continuei ao alcance e expectativas de tudo e de todos. E, de forma desnudada, esse repudio disfarçado de isolamento foi a pior coisa para se experienciar; estar no meio de gente que só pode oferecer exploração, ideias duvidosas, abuso de carência e tantas outras coisas, tudo em nome de uma tal "amizade". Chega a ser cômico de tão absurdo.

O vivenciar esse lado ruim, somado ao impor limites por decidir o que se está disposta a aturar ou se sacrificar, hoje, faz uma diferença monstruosa no modo de ver e se relacionar com tudo. A primeira coisa a se notar nisso é ter ideia do quão ruim é estar do lado machucado, logo, deve-se surgir uma vontade de se ausentar na ação de gerar mal ao outro. A segunda coisa benéfica é compreender parte da diferença entre quem não liga pras suas dificuldades e não aceita, aos que compreendem e, de certa forma, aceitam. Então, com isso, você começa a se sentir mais leve por haver um outro alguém que demonstra querer estar contigo, mas não aplica penalidades severas caso não ocorra o encontro.

Pra mim, bem resumidamente, amigos são pessoas que não possuem nenhum compromisso contigo, porém, da parte deles, assim como pode ser da sua, há uma vontade de estar junto daquela pessoal. Amigos são como se fossem portais de fuga para uma certa felicidade momentânea, só para tirar férias do todo peso massivo da vida, porém, eles não possuem a responsabilidade de lhe causar essa felicidade. No fim, amizade é como mais uma emoção que ganha uma palavrinha pra nomear, mas impossível de ser dimensionada num dicionário, pois, amizade é para se sentir e viver, não para ser definida.