O tempo, o vitimismo e a justiça

O mundo poderá cair ao meu redor, não irá sobrar pedra sobre pedra.

Não haverá espaço para qualquer lamento ou vitimismo. Não mais existe tal privilégio.

Veja, quando garoto, tinha uma ideia ingênua sobre mim, a de que eu seguiria um caminho distinto, inspirador, irrepreensível, quase santo. Jamais suspeitei que fosse capaz de tão grande mal.

Eu lamentava todo desencanto e falta reciprocidade, cada injustiça a mim proferida.

Agora que consigo enxergar o que sou, penso que posso ser o que era, embora não se possa apagar o meu grande erro.

Meu eu criança jamais se orgulharia de meu eu adulto. Agora, permanece a firme certeza de que qualquer tentativa de vitimismo é uma falta de caráter, e cada pedra que cair sobre minha cabeça enquanto meu mundo desmorona, não passa da mais pura justiça.

O tempo me mostrou, já não sou mais vítima, fui réu, aceitei minha pena e humildemente não cederei ao lamento do injustiçado, mas cumprirei minha sentença calado.