Percepções de uma alma aflita...

Um dia estive tão triste que invejei a sorte dos "inexistentes", não a dos que deixaram de existir, mas a "daqueles" que, nem sequer por um instante, conheceram, de algum modo, a vida na Terra. A Terra, por vezes, me parecia uma gigantesca câmara de tortura, ironicamente bela, e me vi reduzido a extrair felicidade de pequenos e esporádicos recuos da dor primordial, a qual, impregnada profundamente em meu ser, com ele se confundia, a ponto de não mais a perceber a não ser como algo de minha própria essência. Foi pela percepção de que a diminuição da dor, ainda que em grau ínfimo e de modo passageiro, era a representação de um movimento, que compreendi gradativamente que enquanto há vida, há possibilidades, e se há pequenos avanços, é porque é possível que existam, é possível que cresçam, desde que se conserve a teimosia de não se deixar vencer!