Já era
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A vida tem uma pontinha de morte
que se avoluma a cada dia.
A gente corre, cansa;
vive em constante agonia.
E os dias passam:
a cada mais um, menos um.
Acreditando que o tempo não zera,
a gente não vive e a vida não espera.
E, de repente, quem é
não é mais, já era.
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As flores que enfeitam a vida
são as mesmas com as quais
adornamos os féretros.
O perfume que encanta os sentidos
é o mesmo que celebra a morte.
O que muda, então?
Não são as flores nem as fragrâncias...
Mudamos apenas nós mesmos,
em razão das percepções
do celebrar alegria e chorar o luto.
Para ambos,
o tempero é o tempo.