Caiu a ficha, mas ela era pesada demais.

Oi.

Hoje é dia 09/05/2022 e já faz um bom tempo que não te escrevo nada. Tem tanta coisa que queria te dizer, te contar...

Começando pelo mais recente, pintei o cabelo. Eu sei que sempre disse que jamais faria isso porque além de ter medo de que ficasse estranho eu queria conservá-lo no seu castanho natural, mas a falta de você faz com que eu aceite fazer qualquer maluquice que libere alguns hormônios de felicidade. Pintei da cor borgonha. Fica um preto meio vinho na sombra e no sol fica mais avermelhado meio claro, tá lindo! Da próxima vez que eu for pintar vou passar uma tinta mais clara e tentar ficar ruiva de vez.

Essa semana tenho provas, então estou escrevendo agora para por pra fora tudo que tem me sufocado, para então conseguir estudar e manter o foco em entender os conteúdos que eu não consegui acompanhar no último mês porque, bom, estava ocupada chorando.

Eu achei que tinha te esquecido. Mas não tem como eu simplesmente apagar o nosso ciclo. Consegui ficar uns dias num estado mediano, mas foi chegando o prazo de um mês de término e então eu achei que ia morrer de novo. Fiquei dos dias 1 ao 4 em completo estado de desânimo e tristeza. Já fazia tempo que eu não chorava de soluçar e gritar, mas então esses dias chegaram.

Caiu a ficha, gatinho, finalmente caiu. Eu realmente NUNCA MAIS vou te ter de volta, e essa escolha foi totalmente sua. Tudo aquilo que era recente, as viagens planejadas, a cerimônia de casamento (num campo ou na catedral presbiteriana do Rio), os estudos bíblicos, a igreja que pretendíamos plantar, os filhos que adotaríamos, todo esse futuro que eu nunca cheguei a viver, mas que parecia tão palpável, começou a desaparecer. A escorrer pelas minhas mãos como grãos de areia. E agora parece tão, mas TÃO distante. Eu nem sei mais quem você é, o que tem feito, o que tem ouvido ou assistido. Você parece alguém tão distante, como se fosse alguém que eu conhecesse só de ouvir falar.

No primeiro dia eu chorei porque percebi isso. Percebi que todo aquele discurso de que "ah, talvez um dia vocês voltem" "pessoa certa na hora errada" "quando vocês ficarem mais maduros poderão ficar juntos" era só algo que as pessoas falam na fase inicial do luto, porque sabem que é algo que a gente quer mesmo ouvir. Nós nos auto sabotamos, acreditamos que num futuro distante isso poderia dar certo. Mas então eu percebi que, no nosso caso, isso tudo é diferente. Nós nunca seremos o bastante um para o outro. Nem mesmo o amor e a conexão foram suficientes para nos manter juntos. E tá tudo bem (não tá).

No segundo dia eu chorei porque me senti muito indigna do amor de Deus, e sou mesmo. Nesse dia o choro foi de alegria. Claro, tinha muito da tristeza e da incerteza do que raios Deus estava fazendo ao mexer nessa parte tão delicada da minha vida. Mas nesse dia eu estava jejuando, pela minha e pela sua vida. Tinha sentido que você estava mal e então orei em intercessão pela sua vida, e creio que Deus ouviu e já tem trabalhado nela.

Noutro dia eu chorei porque descobri que você não estava mal pelo nosso término, mas sim pelas suas questões pessoais que o envolviam. Claro, isso é intuição minha com base em informações não tão concretas. Mas isso é bem a sua cara mesmo, você é do tipo que aceita e entende fins de ciclos e recomeços. Eu não.

Depois chorei porque tinha dado um mês desde o dia que terminamos, e você não tinha me mandado uma mensagem sequer. Me pergunto se todo aquele papo de que você estava terminando comigo contra a sua vontade porque Deus tinha te pedido isso era realmente verdade. Mas também não faz muito seu estilo usar o nome de Deus em vão. Na verdade foi Deus que pediu sim, mas essa parte Deus fez porque sabia qual seria o MEU sofrimento caso continuássemos em algo que jamais seria agradável o suficiente pra você. Pelo menos é essa a minha opinião, e você pode, algum dia, ler e ficar indignado pela quantidade de bestialidade que eu posso estar supondo. Mas eu nunca vou saber a verdade se você não se comunicar comigo.

Passar bem.

16:27h

Brenda Dias
Enviado por Brenda Dias em 09/05/2022
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