Cartografia

Estava há dias a viver a vida que a linha invisível traçava. Era como um pêndulo, ora E outra - não ora ou outra, tudo acontecia junto mesmo - era jogada para o visível. Ficava, pois, a balançar-se entre os mundos. A olho nu estava sua vida bruta, mas se olhasse de perto, aproximando bem a lupa, outras vidas se faziam, ali, bem debaixo dos narizes. Não era um submundo, porque tudo se dava na superfície, o mesmo plano, variando apenas as intensidades. Alternância entre visível E invisível. Ninguém sabia o que se passava no entre, somente ela podia acompanhar o movimento sorrateiro da vida se fazendo, bem nos interstícios de sei lá onde! Não havia nada a ser feito, a não ser acompanhar com o rabo de olho aquilo que inevitalvelmente chegava. Era um espreitar dia após dia, vivendo o que se anunciava. Mas nada podia ser tão invisível ao ponto de não deixar rastros. Bastasse apenas cartografa-los.