A complexidade dos meus sentimentos me tornam quem sou.

Eu queria ter de fato o verdadeiro dom de transformar tudo o que sinto em palavras, e assim ser capaz de compreender na realidade quem eu sou. Já escrevi tantas vezes, tantas coisas.... Mais colocar para fora o que é belo é simples , fácil e agradável. Basta pensar nas pessoas a que amamos e que por algum motivo admiramos e logo temos uma torrente de palavras de amor e carinho para compartilhar. Mais como colocar pra fora a escuridão que existe em nós. Como traduzir em palavras a treva que existe em mim. Como trazer a tona àquilo que me torna vulnerável? Como escrever sobre as dores mas intensa da minha alma. Escreve para mim é revivênciar momentos do meu passado. Algo que realmente me marcou quando sentir. Reviver os bons momentos é algo mágico que nos enche de uma alegria nostálgica. No entanto, como trazer a tona os piores momentos pelos quais passei. Como reviver a violação do corpo que doe no profundo da alma? A rejeição antiga que deixou profundas marcas no amago do meu ser. Como trazer a tona a tormenta e o abandono? A dor do luto daqueles que me eram tão preciosos e que de repente só existem em minhas lembranças e que com o passar dos anos, vai se apagando e se tornando cada vez mais distantes de mim. Nesse momento me sinto tão frágil, como um pedacinho de vidro fino, pronto para se estilhaçar a qualquer movimento mais brusco. Afasto instintivamente a lágrima teimosa que insistir em rola pelo meu rosto. Me sinto tão pequena quanto um grão de areia levado de um canto ao outro do universo. E me pergunto como em apenas um coração humano pode existir tantos sentimentos? Me sinto presa em um caleidoscópio de emoções. Amo tantas coisas em meu mundo. Amo profundamente as pessoas da minha vida. E por todas elas eu não pensaria duas vezes em dá a minha vida para que elas pudessem ser sempre felizes. E agora começo a perceber que essa minha forma de amar tão intensamente os outros é o que tem me causado tanta dor. Porque por tantas vezes me calei por medo de magoar as pessoas. E fui sendo sempre magoada e machucada. E sempre escondo a dor que me trás as palavras e atitudes das pessoas comigo. E fui guardando dentro de mim tantas dores e desilusões mesmo sem perceber, como um colecionador de álbum de figurinhas que mesmo com tantas figuras se repetindo em algum momento o álbum se enche e já não há como guardar mais nada. Ele já não aguenta mais nada e então se rompe. E é justamente assim que eu me encontro agora. Rompi todos os meus limites. Todos os meus sentimentos que sempre foram cuidadosamente guardados transbordaram e se misturaram em uma grande confusão. E a intensidade dos meus próprios sentimentos me assustam e me fascinam. E lentamente vou sendo obrigada a me reconhecer como eu sou. Um ser frágil. Vou percebendo que por um longo período de tempo me escondi em uma fantasia de fortaleza, mais que chegou o momento de retirar a máscara e de me reconhecer e me deixar conhecer. Não sou tão forte e apesar de ser uma mulher independente, tenho minhas fragilidade e imperfeições. E que tenho dentro de mim sentimentos complexos e sem explicação. E me dou conta que é aí que mora a minha força verdadeira. E a capacidade de me reconhecer errada, fraca, vulnerável, enfim humana. E entendo que não preciso me esforçar tanto. Tenho o direito de dizer não. Não quero, não vou, não, você está enganado. Não preciso ser a menina doce e boazinha o tempo todo. Tenho o direito de me mostrar frágil, triste de chorar. E isso não torna o meu amor pelas pessoas pior ou menor, apenas o torna mais verdadeiro. Não faz de mim uma pessoa amarga ou cruel, me torna real. Não me torna pior do que antes, mas me torna capaz de amar melhor. Sou uma mulher que se torna dia a dia mais capaz de demostra o que sente sem desmoronar. E se com essa minha mudança as pessoas em minha vida começam a se afastar, é porque não deveriam nem ter entrado em minha vida. Se as pessoas não são capazes de aceitar em mim as mudanças necessárias para me tornar uma pessoa melhor pra mim. Não são pessoas que querem o meu bem e a minha felicidade e então realmente o melhor é que deixem a minha vida. Por que quando se quer realmente o bem de alguém se aceita a pessoa como ela é. Para mim o amor é a aceitação da limitação do outro. Não é querer transformar a pessoa no ser que você precisa que a pessoa seja. Por isso não se esconda de si mesmo. Eu aprendi isso da forma mais dolorosa e lenta. Por isso não sou a melhor pessoa para aconselhar ninguém. Mais ainda assim ouso dizer a você que está lendo esse texto: ame profundamente e intensamente aos outros, mais entenda que amar não é se submeter a vontade dos outros e se esquecer de si mesmo. Ame aos outros sim, mais em primeiro lugar ame-se, aceite-se, valorize-se. O amor só vale apena quando nos impulsiona para frente, nos faz bem, nos faz sermos melhores. Porque para nos menosprezar na maior parte das vezes não precisamos de ninguém, somos ótimos em julgar e condenar a nós mesmos. Tem coisa mais besta que isso? Por isso ame a si mesmo como gostaria que você fosse amado pelos outros. Somente assim somos capazes de enxergar o diamante raro que temos guardado em nosso peito. Um coração repleto de sentimentos de luz e de trevas e é isso que nos faz especiais, saber que somos frágeis que sentimos raiva e alegria, coragem e medo, dor e prazer. E mesmo apesar de tudo temos o dom de amar.

Ecilana
Enviado por Ecilana em 19/06/2022
Código do texto: T7541076
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