As Cores da Lei

Até agora nunca havia, de fato, pensado nisso...

Depois de assistir dois velhos e bons filmes (Bopha!, 1993 e De Amor e de Sombras,1994) ..., a pergunta eclodiu dentro de mim.

Muitos falam em "obedecer à lei", "somos iguais perante à lei", "cumpra-se à lei", mas, essa "lei" é para todos, indistintamente?

Lembra as aulas de história quando víamos a Justiça representada por uma figura feminina, de olhos vendados. E mesmo naquela época, perguntava-me: Qual o poder de ordenamento que uma mulher na Grécia Antiga tinha?

Tempos outros e novo signo: a balança. Na simbologia contemporânea, a balança está mais associada ao narcotráfico que ao Judiciário...

O primoroso Bopha! nos faz explodir em indagações, do tipo: Haverá alguma lei que seja imparcial, incolor, desde quando a Corte Maior é massiçamente representada por uma única casta???? A cor da venda que lhe "cega" bem poderia significar a direção tendenciosa desse olhar: bem-nascidos, bem-criados, bem-distantes da massa sofredora.

Filmes como Hotel Huanda e De Amor e de Sombras nos fazem entender que a lei é ... branca, retaliadora ... racista, sem dúvida.

Grande ironia: negros e pobres, "tratados como podres", em sua maioria, são encarregados de manter a ordem e preservar a lei contra os seus irmãos de infortúnio, trocando celeiro e ração por suas próprias vidas.

Todas as bençãos a José Padilha que mostrou para o mundo, a hipocrisia institucional! Só a Sétima Arte para traduzir em cena o que se repete desde os primórdios da História.

Arsenia Rodrigues
Enviado por Arsenia Rodrigues em 27/11/2007
Reeditado em 26/06/2008
Código do texto: T754741
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