I-XLVIII Jaezes de vida e morte

Finalmente, livre da maçante liberdade, tens-me,

mas não me tenho com tanta facilidade.

Lembro-me sendo algo como dezoito ou vinte e oito,

vendo-te surpreso por esta vida que não mudou

diante do mundo que muitos desolou.

Qualquer horizonte é euforia,

desde que és tu que cobres minha vista.

Então o poupo das sortes desta noite,

não impedirei de sofrer o que o destino reservou-te.

Poupe-se de erguer-me a mão quando contento-me no chão.

Poupe-se de comparar-me ao mal,

pois não houve segundo que não fui igual.

E quando caído, enfraquecido e entorpecido,

preserva-me do romantismo, pois tendo ao transvio.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 02/07/2022
Reeditado em 11/11/2023
Código do texto: T7551090
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