Traumas

A sensação que senti ao me cortar foi a melhor coisa que senti há meses.

É convidativo,

é familiar.

Fumo pra esquecer como se faz pra respirar.

Gosto dos péssimos hábitos que tenho,

servem pra camuflar o cansaço que é sentir a tortura de existir.

Mas que porra, o abuso não sai de mim,

nem que por um dia,

eu esqueça.

A terra nos meus pés descalços anuncia que estou viva,

mas dói estar.

Qual é a parte de mim que ele não deteriorou com a sua mão enorme suja de sêmen e sangue?

Quantas partes de mim caberiam dentro do enorme vazio que ele deixou quando me tocou?

O que eu faço com o que sobrou?

Quem arruma o que ele destruiu?

Barbara Coelho
Enviado por Barbara Coelho em 06/07/2022
Reeditado em 06/07/2022
Código do texto: T7554075
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