Breves considerações sobre a filosofia de Wittgenstein _ 1

Expressar o que pode ser expresso nas proposições e implicar que isto é o que pode ser conhecido e o que não pode deve ser mostrado, é implicitamente reduzir a verdade a declarações de proposições. E uma redução sobre a questão da verdade a critérios linguísticos e lógicos de análise _ vide a questão da análise em G.E. Moore_, ou por outra, a ciência. O que é dito é pensado por isso é possível, ou seja, pode ser submetido a uma verificação de verdade. A proposição é bipolar, porém, a filosofia não pode ser reduzida a tais proposições, sequer a proposições. Definir a filosofia como a atividade de descrever o funcionamento dessas proposições com ajuda da lógica é definir a filosofia como uma ciência suave, sendo que é algo basilar e anterior a ciência, aquilo que possibilita a vinda de toda conceituação. Conceituar que a filosofia cumpre delimitar o pensável e, por conseguinte, o impensável, é reduzir a filosofia aos seus resultados, haja vista, a concordância com a sua definição, e isto é uma adoção do pragmatismo. Traçar as condições necessárias e universais de qualquer sistema linguístico de representação é possível, porém, a filosofia mesmo sendo redutível a um, não o pode ser, pois não mais seria e também mesmo havendo objetos e fatos atômicos, a filosofia não pode ser caracterizada também pela análise deles, pois a análise de um signo comporta nela mesma (enquanto ação) contradição, haja vista, a sua fundamentação e isto se aplica também a qualquer proposição bipolar. Os nomes devem representar o objeto, pois a linguagem é significada enquanto ato, isto é, o significado da linguagem é dado no uso, portanto, há aqui uma concepção de linguagem bem mais empirista e que comporta (ao que deveria) bem menos metalinguagem. O nome da coisa nos é dado, pois não o aprendemos, e sim um comportamento expressivo que substitui o lugar do natural. Pergunto, ao aprender tal comportamento expressivo à conceituação do nome (empírica e/ou naturalista, pois 'dado') de forma implícita (pois há leis, como destacado por seu sistema, que deve ser verdadeiro, senão teríamos uma aporia), o aprendemos por quais meios? Ao obter uma resposta, perguntaria, como a assimilamos no comportamento? Seria somente pelo comportamento? E como isso é possível? A resposta final, tenho certeza, seria a mais próxima possível do behaviorismo. Então, por quais meios, se não pela linguagem, o behaviorismo seria possível, digo, como conceituação? No mínimo teríamos uma indeterminação, ou o seu sistema não só como possível, mas como uma teorética o mais verossímil possível com a coisa investigada e por quais meios, se não pelas premissas isso poderia ser concluído? Assim sendo, não temos a diferença entre dizer e mostrar e, por conseguinte, a diferença entre fato e valor, mas analisemos um pouco mesmo assim. São os fatos que constituem o mundo e um fato é uma coisa relacionada com outra logicamente, mas de onde provém tal capacidade ou como ela é possível? Isto deve ser respondido de antemão para daí passarmos a responder quais são os requisitos que ela (a coisa) deve ter para relacionar-se, que no que se refere a significação do termo, guarda grande semelhança com o sistema da língua de Saussure.

Ao considerar a mente e o corpo como coisas distintas o cartesianismo comete um erro categorial, que é apresentar os fatos da vida mental como pertencentes a uma determinada categoria lógica, quando na verdade a outra pertencem (Ryle). Além do mais, ele observa que Descartes através de processos internos, pressupõe uma concepção de mente responsável pela representação isolada da realidade. Como na minha perspectiva a intuição perceptiva fornece sim informações confiáveis sobre os objetos e fatos, _ dado a própria estruturação específica de cada ente e todo o processo que o origina, o ser senciente e percipiente como uma função, cujo significante (aquilo que significa/é determinante/em toda e qualquer significação) é a mente (res cogitans) _, a relação entre mente e corpo aqui já não é dualista e puramente causal, haja vista, o que é a matéria (a coisa). Conhecer implica uma reciprocidade na interação do sujeito com a coisa, Wittgenstein ao significar a linguagem no ato ignora as fases iniciais de fundamentação e representação, como podemos ver, ao assumir que este é o ponto de partida, a linguagem conceituada por ele estaria no aspecto da produção do sentido em diante, ou seja, o quadro (REPRESENTAR (CONHECER (X))) se completa quando é acrescentado o estágio pragmático (USAR (REPRESENTAR (CONHECER (X)))), este é, pois, o teor externo da função, posteriormente teríamos a produção de sentido. A primeira etapa seria estabelecer a diferença entre conhecer, representar e informar, tais ideias estão presentes no artigo "Dos fundamentos da significação à produção do sentido" de Hugo Mari. O fato de para Wittgenstein a coisa por si só não ter sentido, haja vista, que a sua concepção da forma gramatical não possui uma identidade com a forma lógica da linguagem, nos dar um vislumbre do seu solipsismo no tractatus logico-philosophicus, podemos analisar melhor tal ideia no livro "Filosofia da linguagem e da lógica". Ao falar que as coisas ganham significado quando relacionadas com outras, assemelha-se a ideia das palavras que significam por intermédio de outras de Anselmo, que são acidentais, dado que para ele a significação se dar por meio da função gramatical, daí a representação da palavra naquele determinado contexto. Atenha-se ao fato que analisamos alguns aspectos da filosofia do primeiro Wittgenstein.

Oaj Oluap
Enviado por Oaj Oluap em 12/07/2022
Reeditado em 30/07/2022
Código do texto: T7558230
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