Voto Obrigatório.

Está escrito na nossa Constituição: em CAPÍTULO IV dos DIREITOS POLÍTICOS já no primeiro parágrafo que: o alistamento eleitoral e o voto são:

Inciso I - obrigatório para os maiores de dezoito anos;

Inciso II - facultativo para:

a) os analfabetos;

b) os maiores de setenta anos;

c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;

Não fosse assim, não haveria condenação nem sofrimento de penalidades.

O Voto Obrigatório foi a maior cilada que os constituintes de 88 incluíram na nossa Constituição. Embora esta lei faça parte de outras cartas em outros países pobres mundo afora, o voto obrigatório não é legítimo, justamente por ser obrigatório. Ninguém tem o direito de obrigar seja quem for a fazer algo contra a sua própria vontade.

Usado como ferramenta da classe política contra a sociedade, esta é das mais eficientes, diga-se de passagem. Este instrumento entrega pra população um falso sentimento de que nós apoiamos as eleições e queremos a democracia. Ainda que de fato a gente apoie a eleição, querer a democracia é muito duvidoso; você até pode conhecer e desejar, nobre leitor, já a maioria da população, garanto, pensa que conhece sem saber dizer do que se trata ou, não sabe responder se democracia é bom ou ruim, ignora tudo sobre aristocracia e monarquia e não consegue avaliar entre socialismo ou comunismo ou capitalismo, qual sistema de governo entrega mais benefícios ou vantagens para o cidadão, sendo assim, como ter confiança para assegurar que quer a democracia?

O voto obrigatório dá a sociedade a falsa impressão de que o sufrágio teve adesão expressiva de eleitores, esconde que fomos obrigados a comparecer ao local de votação para atender uma necessidade dos políticos e eleger um candidato; esse sistema nos dá a falsa impressão de que a população está atenta ao que fazem os políticos, de que ela sabe o que quer, de que irá às urnas lutar pelas mudanças que avalia serem necessárias, infelizmente é mesmo falsa impressão, verdade é que a maioria da população é formada de trabalhadores que são chefes de família e têm inúmeras preocupações pessoais onde a política é a última no ranque, esta gente não têm nenhum interesse particular de aprender sobre este assunto, de estudar ou querer falar de política, as mulheres principalmente... É natural que seja assim, e acontece em qualquer sociedade do mundo. E quando a maioria não demonstra interesse, não adianta insistir, pois nem com o voto obrigatório é possível transformar alguma coisa.

A população, enganada, sem jamais ver acontecer as mudanças pelas quais luta incansavelmente, por vezes sente-se impotente, quando não, ela assume a culpa. Mas não desiste, renova as esperanças, arregaça as mangas, retoma a luta e insistentemente convoca seus concidadãos: “gente, nada de se omitir, vamos aprender a votar, não devemos eleger qualquer um, evitem votar nos mesmos...” sem desconfiar que nada disso causará o menor efeito, não trará as mudanças exigidas, nenhuma, porque o voto é obrigatório.

O resultado prático do esforço da população é a frustração. Tudo permanece igual, como dantes, os personagens são os mesmos, eventualmente acontece de a gente conseguir substituir um ou outro, e não vai além disso; o salário exorbitante dos servidores continua; os penduricalhos seguem a trajetória da soma e da multiplicação; é proibido diminuir auxílio, é contra a lei dividir ajuda de custo, e, extinguir benefício é condenar o servidor a morte, ninguém mexe. A moralização dos gastos públicos não acontece, pelo contrário, agrava-se a cada novo presidente; não há transparência nem prestação de contas do feito, muito menos do malfeito. Como sempre a classe política se une, reforça o vínculo na luta por seus interesses pessoais e abusa de forma desaforada dos contribuintes; com mais imposto de renda; aumento do ICMS; cobrança de taxas de toda natureza, iluminação pública, por exemplo; com diminuição do valor do benefício dos aposentados do INSS, este sempre pode diminuir, basta haver necessidade de se ajustar a conta das despesas. Tem uma agravante nesta história, em virtude dessa política do tudo venha à nós e ao vosso reino nada, muitos brasileiros são lançados na sarjeta todo ano; a escolaridade da população não melhora; a saúde do povo só piora; a segurança pública sumiu dos radares... um caos.

O único que efetivamente tira vantagem desse sistema é o político, pois lhe garante profusão de votos e maior chance de se eleger ou reeleger dependendo das condições de cada um. Antes do pleito, o candidato honesto e principalmente o desonesto ou corrupto já sonham com os proventos magnânimos e as regalias de toda ordem, depois de eleitos não vêem a hora de tomarem posse; querem, o quanto antes, usufruir do salário polpudo e dos penduricalhos generosos que a nova função tem para lhes oferecer. Maravilhados, estes novos servidores lutarão com unhas e dentes para garantirem o valor do salário como está, havendo necessidade, e sempre há, o aumentará; farão de tudo para assegurarem a série de ganhos "devidamente" institucionalizados pelos colegas antecessores, principalmente a verba de gabinete, essa abominação da administração pública, que garante, a uma legião eufórica de parentes e amigos próximos, uma vaguinha no escritório do parlamentar; lembra que a rachadinha do Flavio Bolsonaro foi devido a esse "auxílio generoso", essa infâmia deslavada? Além de toda ajuda de custo vergonhosa existe a possibilidade de criarem algo novo se for da vontade da maioria recém-empossada, conhece o Fundo Eleitoral, que hoje já é da ordem de 4.900 bi?

Acobertado pelo voto obrigatório pra que se preocupar em dar satisfação de coisa alguma, de agir com transparência... ?

Se todos são obrigados a votar, como saber quais eleitores ajudaram fulano ou sicrano a assumir o cargo, a quem agradecer?

Eleito, o político simplesmente vira as costas e vai usufruir da vida sem que o pobre do eleitor jamais o veja novamente até as próximas eleições.

Voto Obrigatório é assim!

Dilucas
Enviado por Dilucas em 18/07/2022
Reeditado em 14/11/2022
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