As pessoas que importam

Temos uma tendência grande a nos cobrarmos pelos mais variados e profundos motivos. E em muitas dessas cobranças, nossas expectativas são grandes e idealizadas demais para as nossas possibilidades ou para as possibilidades de qualquer outro ser humano que, como nós, possui suas limitações. E damos ouvidos aos críticos algozes. Pessoas com as quais não convivemos, não criamos laços, não construímos nenhum vínculo. É como se a opinião delas definisse a nossa essência, o nosso significado, quem nós somos. E desprezamos irredutivelmente os elogios e os incentivos de quem nos ama. Agimos como aquele adolescente confuso que se olha no espelho e diz o quanto é feio, que ninguém o amará, que ele não poderá ser aceito por ninguém da mesma idade. E, então, cheia de amor, a mãe sorri singelamente, acaricia seu rosto e, convicta no que diz, o chama de lindo, exalta o quanto ele é bonito. O adolescente confuso retruca que ela é sua mãe e que, por isso, não conta. Mas talvez aquela mãe seja a única que realmente importa. A mãe, para nós, simboliza todos aqueles que nos amam. E tendemos a dizer que suas opiniões não podemos aceitar, porque eles gostam de nós. Porém, é exatamente por isso que precisamos acolher suas demonstrações. Quem nos ama é o único que conta.

Por que será que damos tanta atenção para quem não moveria uma palha ao nosso favor? Por que será que, enquanto nos comportamos assim, ignoramos todo o afeto que nos é dirigido por pessoas especiais que estão em nossas vidas dispostas a nos concederem seu amor, seu carinho, sua aceitação? Não consigo dar uma resposta certeira e absoluta. Mas a verdade é que queremos impressionar o mundo ao passo que deveríamos impressionar apenas a quem consegue nos aceitar e abraçar como somos. Não é porque gostam de nós que não contam. É exatamente por gostarem de nós, por nos considerarem especiais em suas vidas, que contam e importam. Quanto ao resto, é apenas o resto.

Dá próxima vez que aquela pessoa que o ama e o estima disser o quanto você é grande e único, agradeça, aceite, concorde. Esteja rodeado por pessoas que o façam se sentir bem. Não quero dizer para que se cerque de gente bajuladora, que age com algum interesse, que até mesmo exagera em nossa exaltação. Aqueles que nos amam sabem quando nos erguer, mas sabem, sobretudo, quando nos ajudar e colocar os pés no chão. Apenas precisamos aceitar que o mundo não importa. Nem deveria. É inútil tentar agradar ao mundo. Importa apenas aquelas pessoas que estão ali por nós, torcendo sem intenções, contentes por nos amarem. Ame-as também.

(Texto escrito por @Amilton.Jnior)