Mais um fim de ano se aproximando

Seguem as preparações para mais um dia "especial", o fim do ano. É estranho pensar que há um momento em que dois segundos recebem tanta atenção assim: o que fecha o ano e, o segundo, que inicia o próximo. E a toda uma preparação para essa celebração que carece do grito espontâneo - e intimamente abafado: "sobrevivemos!". Isso tudo precedido pela retrospectiva do ano, reunindo e revivendo os acontecimentos pertinentes e não pertinentes que já foram. E sabe o que disso tudo não me desce bem? O surto coletivo de dar importância a esses dois meros segundos, como se eles não estivessem presentes no nosso dia a dia, e ao detalhe de que quando tudo isso passa, e se tem a confirmação consciente de que tudo voltou ao normal, o 'importante' se perde e "é isso", o tal do "vida que segue".

Pra mim, a virada de ano não passa de um evento tradicional. É nostálgica todo esse ritual, o 'aguardar por um futuro desconhecido'. Mas cá entre nós, estamos vivendo o tão sonhado "futuro" dos nossos ancestrais a muito tempo(!). Estamos tão conectados com o futuro que a ansiedade está aí como efeito colateral. Não é como se eu não soubesse que amanhã há toda uma rotina já agendada, que se por algum caso não for cumprida, haverá consequência não tão desconhecidas assim. Hoje, o futuro se assemelha a pegar o metrô, ou seja, um troço que vai te transportar por um túnel até outra estação e, sem se importar muito, espera-se ele que não se atrase ou descarrilhe durante o percurso.

Penso haver uma birra para aceitar isso, não tão perturbado quando foi descoberto que o "céu não era a morada divina; e tão pouco o limite", mas algo semelhante para a sensação de negação e apego essas práticas. E não, não estou pedindo para 'cancelar' o fim do ano (aqui não é o Twitter), só tentando reavaliar se a forma como esse evento está sendo tratado não é mero saudosismo. Não é como se houvesse um véu obscuro tapasse o daqui a pouco em diante. As coisas estão mais para andar pela casa de madrugada sem ligar as luzes, então, se você conhece seu lar, dificilmente vai trombar nas coisas.

Clara Nuvens
Enviado por Clara Nuvens em 21/11/2022
Código do texto: T7654781
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