Divina contemplação mística

Oh contemplação mística. Exalta a minha tão diminuta alma e a eleva ao mais alto céu. Contém em mim o absorto desconhecer, possui-me nesta intuição incerta e horrível de um saber em nada saber. Sinto em tudo a palavra certa e quieto espero o seu repouso, como uma mãe espera o filho. Toda a minha alma foi consumida pelo ódio e dilacerada na dor de tudo sentir. Perdeu-se no ardente labirinto e banhou-se no esquecimento. Por fim retornou à superfície, renovada. As suas novas virtudes lhe configuravam como divina, oh divino céu azul. Mas a sua dor lhe empurrava constantemente ao Hades e lá retornava. Não mais sujeito era, apenas uma propriedade de uma grande função, tão abstrata como o nome. Após sucessivas alquimias através de grandes pressões e altas temperaturas, suas transformações já não eram apenas atômicas, eram divinas, mística. E em ensaios linguísticos a respeito de sua forma e os elementos, quieta, na quieta contemplação mística, ela sorriu. E pela primeira vez o céu sob os seus pés tremeu. E novamente, o livro de Sofia ela abriu. Agora lembra, pois, que no início havia apenas escuridão, caos e água. Essa era a aparição em sua mente, o fantasma do filosofema. E o sábio sábias palavras proferiu, "não há sábias palavras que não sejam intuídas para além da razão; a razão não basta, se bastasse a si mesma, ela seria morta, como um filho gerado morto por um útero doente". E novamente o céu sob os seus pés tremeu e a alma elevou-se a um reino que lhe parecia indistinguível do anterior e do primeiro. Confusa, em lágrimas, ela gritou, "me salvem, me salvem". Duas vezes ela ouviu, "me ouçam, me ouçam". Ela sem entender pensou... E o que era epiquirema fez-se sabedoria e ela novamente sorriu ante a todo simbolismo, prostrada na certeza de que a base da razão é a irracionalidade.

Theo De Vries
Enviado por Theo De Vries em 29/11/2022
Código do texto: T7660944
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