O que esperar de 2023?

O que pensar para 2023 que mal começou?

O que esperar desse ano?

Há um país cujos fatos recentes tem que ser passados a limpo, mas não só, as situações ao longo da história foram gravíssimas, fomos empurrando por décadas, e ainda, os gritos não saem da memória, e estão no ar.

Então, é impossível não entender que todo esforço para darmos um salto em direção a um progresso social que nos salve, depende de tratar novos e velhos problemas de poder.

Os casos mais recentes estão sendo revelados nestes dias, e são muito graves, como era esperado. Eles denotam exorbitância no uso indevido dos recursos públicos pela máquina do governo de extrema direita, e a ultrapassagem proibida dos muros da justiça e a indecência. Isso também se deveu a insolvência das antigas decadências.

Antes dessa última triste história do país, outros colapsos inundaram a nação, causando derrota dos direitos do povo. Então, tais direitos alternam-se com a mudança dos chefes de estado, com os golpes, de forma que por alguns anos o povo se alimenta de três refeições/dia, põe seus filhos na escola, toma vacina, e em seguida, sob nova direção, não se alimenta mais porque cortaram projetos sociais, perderam o trabalho, não tem mais como pagar moradia, muito menos estudar, e muitos, perderam a vida porque a pandemia que assolou o mundo foi negligenciada e ridicularizada por aqui. Isso para não falar do tratamento que recebem os grupos não minoritários do país, que morrem nas mãos de quem deveria protegê-los.

O apaziguamento, o perdão, a anistia que demos aos golpistas militares e civis ao longo de nossa História são muito cruéis para o povo que depende dos governos para terem seus direitos básicos de sobrevivência. E toda nação bem constituída deveria implantar sem riscos de sumiço ainda mais de forma brusca, a proteção social forte, acima das substituições de governantes.

As pessoas podem se tornar boas, amorosas, religiosas, pacíficas, porém, elas não podem impor esse seu estado de graça à comunidade, caso isso signifique poupar quem é justamente agente das situações degenerativas da vida humana. Pois a vida digna precisa estar garantida, e quem atuou criminosamente na coisa pública, não pode ficar impune. Um governante não pode decidir sobre o destino de pessoas envolvidas com atos criminosos como se fosse algo pessoal. A bondade, o pacifismo tem que se dirigir a quem precisa de um governo bom e estável, onde o povo é convidado a participar, e é considerado como parte da comunidade, inclusive nas decisões.

Para completar nossa falta de alegrias , se iniciamos o ano 2023 elegendo projeto que promete inclusão, imediatamente, porém, na semana seguinte, assistimos a excentricidade da “família verde e amarela” pondo para fora seus delirios e violencias. Mostraram ao mundo em cores, quem são de fato. Há relatos de agressões graves desde outubro, de formação de grandes grupos de manifestantes justamente em frente aos quartéis, defendendo tudo o que arrasou os símbolos nacionais e os poderes. Os resquícios da destruição tem que ser mantidos para serem testemunhos de mais uma violência pela qual passa este país.

Também nesse caso não poderia haver desculpa, relevamento, em primeiro lugar para que nunca mais aconteça. Depois, por que alunos, filhos, subordinados, só aprendem com exemplos. Se houver absolvição de um por que não de outro? Caso um envolvido seja poupado, aconselho que expliquem muito por que, ou, estará dando uma péssima lição.

Eu anseio que haja humildade dos governantes para não pouparem quem tanto errou, pois a lei é para todos (ou quase todos). Há foro adequado para esses julgamentos: que sejam julgados.

Eu desejo ver por aqui o que os irmãos argentinos* fizeram: estudaram e criaram um tribunal para julgar aqueles que torturaram, mataram, aterrorizaram crianças, jovens, adultos e velhos durante a ditadura.

Eu sonho que imediatamente haja profunda reforma militar**: enterrando de vez o tal “inimigo interno”, “revendo o ensino militar”, “removendo das chefias os militares contra democracia”. Como diz a autora no artigo:

“Civilização vem de civil”.

Sem essas conscientizações sobre o quanto o povo precisa do governo para desenvolver todas as suas potencialidades e direitos, e também, sem as reformas e revisões das FA, corremos o risco de apenas vermos o povo subir e descer numa gangorra desgovernada e ter uma vida sem nenhuma perspectiva concreta e duradoura. O que fazer com as forças armadas? ***

Que os governos sejam para valer e não somente reformistas, para que seu projeto de país seja amplo de povo e perdure.

Sem apaziguamento!

Sem anistia!

Decola Brasil!

*https://cultura.uol.com.br/entretenimento/noticias/2023/01/11/5694_globo-de-ouro-argentina-1985-ganha-o-premio-de-melhor-filme-estrangeiro.html.

**https://racismoambiental.net.br/2023/01/16/militares-poder-e-ditaduras-longe-da-tentacao/~. Rosa Feire D`Aguiar

***https://youtu.be/zdwCtU6SXZE. Breno Altman: 20 minutos Análise: O que fazer com as forças armadas.