Enredo sinistro

Poderia ter sido sonhado

Mas daí teria sido pesadelo

Desafortunadamente foi de verdade.

Não poderiam os personagens serem: uma mãe, um vizinho querido, e uma garotinha.

Mas foram.

Convidada a mostrar ao senhor vizinho

O preá que a criança criava com

Carinho, cenouras e folhas verdes no quartinho externo da casa

Foi surpreendida em sua ingenuidade,

Com a morte de seu bichinho, arquitetada, cena violenta defronte de seus olhos.

Frente a tamanha emoção, tentou gritar, pedir clemência para ele e ela.

Mas somente ecoou um grito rouco e tímido

O senhor fez o combinado,

Instigou o predador sobre a presa que tremia encima do muro

O gato passou uma vez por ele e foi-se

A menina suspirou quase aliviada, sussurrou mais uma vez compaixão

Mas o senhor chamou e chamou o gato.

A mãe lamentando a demora

E então, ele veio determinado e desferiu um bote e uma mordida fatal no pescoço do hamster.

Nesse momento a menina sem forças e respirando mal, já nada pedia.

A mãe agradeceu o vizinho,

Os adultos abandonaram o local e à menina,

Foi oferecida a caixinha de sapatos,

Os olhos dela disseram não.

A menina com alguma coragem, ficou observando os restos de seu bichinho que o gato deixou.

Ficou porque não conseguia se mover, nem tirar os olhos daquela cena.

Quando saiu desse transe,

Recordou que a mãe lhe convidara a mostrar o roedor para o vizinho e ela,

Alegremente preparou a caixinha e contou a ele que iriam passear

Ato macabro consumado, esses pensamentos lhe trouxeram

um enfurecimento,

O altruísmo que aprendera e praticava explodiu,

a desconfiança tornou-se referência,

o amor-próprio, uma característica vivida com credulidade pela criança, sumiu.

Essa história foi um divisor de águas para a menina,

Um sentimento novo, muito forte e ameaçador, brotou,

pois se estava numa mãe e num homem bondoso,

Deveria estar em si e em toda a humanidade.

Essa condição era a crueldade.

Ela conheceu a crueldade.

*porquinho da Índia