I, tá li, a Itália

Sonho tão perto e tão distante

I, tá li, a Itália.

Muitos vindo de lá pra cá.

Com família e lembranças.

Ascendentes, antecedentes.

Outros “dentres”...

Apenas com um trapinho de pano a nortear, bagunçar!

A por si só ou sucessores, por anos sem êxito.

Descobrir suas origens, encobertas em suas raízes?

Gratidão a metodologia de arquivos,

Prefeituras, Igrejas Católicas, voluntários.

Santa tecnologia, genealogia!

Que me fez, mesmo que por instantes,

“Terra à vista”, de meu nono(a), bisnonno(a)!

Tornando-se tipo Móises,

Abandonado(a) bebê em um orfanato, por seu pai e avô?

Posto em um grande navio incerto,

Navegando do Mediterrâneo ao Atlântico.

Dividindo o mar de águas, um oceano em dois.

Unindo dois países brasileiro, português, alemão, japonês, índios, africano, italiano

Em seus muitos descendentes S.R.D. (sem raça definida) na melhor, humana raça!

Aproximando iguais, desesperançosos,

Que labutam para comprar seu direito sanguíneo!

Pagando como por nossas migalhas

Gota a gota de reconhecimentos hereditários!

Negados a nós o biológico, genético, até mesmo o solo.

Nosso por direito, reconhecimento sem ônus,

Como, descendentes, cidadã(ão) italiano!

Muitos carregam sobrenomes .

Que nos identificam pôr o orfanato deixado.

Que como sequelas das guerras a época as imigrações.

DNA de lutadores, guerreiros(as), trabalhadores.

Visionários, com honra, esperanças e estoque de fé!

Tecendo em novos rostos a família,

Tão almejada e desconhecida.

Onde uma pessoa sem antepassados.

Que perde suas origens.

Herda rejeição e orfandade,

Com mar de lágrimas,

Perpetuando, um enjeitado ser!

Por sua linhagem desconhecer!

Sonho tão perto e tão distante

I, tá li, a, Itália!

(Nane Bochete 02/2023)