Cambraia de linho
"Cá a pensares" dizia a amiga Olivia vinda de Portugal pra morar em São Paulo, Itaim bi bi, porém a conheci em Jundiaí cidade onde morei na minha mocidade. Dona Olivia foi dona de padaria, casada com nada menos que seu Manoel do ralhos e bugalhos . Hoje lembrei deles que já partiram desta pra melhor, também pensei na calça que meu pai usava nos dias de missa . Por muito tempo essa lembrança me acompanhou " A calça de cambraia de linho de Papai" A mãe passando a tal calça com ferro de brasa, ele ali do lado a olhar com satisfação, como se a tal calça fosse um troféu. Dia desses andando pelo centrinho da cidade de Hortolândia, de repente ouvi
uma senhora dizer:
- É cambraia de linho. Entrei na loja rapidamente e fiquei prestando atenção no que dizia a mulher a vendedora. É sim cambraia de linho afirmava aquela senhora. A vendedora apenas afirmava sem muito argumentar:
Sim é.
Eu em um canto observava o tal desfecho, a senhora pediu pra cortar dois metros, pois iria levar. Quando a senhora saiu da loja, fui falar com a vendedora: De me dois metros deste Cambraia de linho por favor?
A moça da loja argumentou:
Nossa esse pano está em alta, você já é a quarta pessoa a compra - lo hoje.
Já em casa abri o pacote e com o tecido em mãos, pude aprecia - lo mais de perto, e assim sentir de novo, aquele olhar do meu pai sobre aquele pano, ambos tão nobres.