ACERCA DE NOSSA RELAÇÃO COM O COSMOS (OU ATÉ ONDE PODEMOS CHEGAR DISSO)

Uma coisa que a ciência fez foi nos pôr no devido lugar, no nosso mísero lugar (cosmicamente).

Primeiro, e por muito tempo, o pensamento teocêntrico preponderou (idade média) e nos fez acreditar que somos especiais, embora inferiores e pecadores; mas, ainda assim, especiais. Deus estava no centro de toda e qualquer explicação. E éramos seus filhos.

Depois, com o advento da preponderância da razão, que o Iluminismo impulsionou, o pensamento antropocêntrico, que já havia imperado e surgido na Renascença, caracterizando assim o fim da Idade Média e início da Idade Moderna, colocou então o homem como o centro do universo, o parâmetro de explicação para tudo. Logo, especiais e mais, especias que sabem que são especias. Algo como o homo sapiens sapiens (o que sabe que sabe).

Mas, a partir do século XVI, com as grandes navegações e o início da Revolução tecnológica, o ser humano cada vez mais passou a ser conhecedor de sua própria ignorância. A ciência nos pôs no devido lugar, onde a humildade não é mera demagogia, mas sim a clarividência de que, sempre, há algo que não sabemos. E mais: sempre haverá algo que jamais poderemos saber.

Um alemão maluco chamado Immanuel Kant achava que pensar sobre isso era interessante e então o fez. Ele dizia que nosso aparelho cognitivo só podia interpretar a realidade, não sendo possível, portanto, a possibilidade de andarmos de mãos dadas com a verdade.

E a noção disso só faz bem. O contrário vira convicção, e ela emburrece.

Kant dizia que não temos a capacidade de conhecer plenamente a realidade, somente aquilo que nosso aparelho cognitivo é capaz de interpretar.

Outro alemão maluco chamado Schopenhauer falava algo bem a ver com o vídeo. Ele era um pessimista. Dizia que éramos escravos de algo que ele chamava de Vontade (uma força vital), e nossa compreensão da realidade é uma representação somente.

Somos, de acordo com ele, insignificantes enquanto individuos, e mesmo enquanto povo, raça e coletividade cósmica humana etc, porque tudo nos é indiferente. Nossa existência é uma fagulha insignificante numa imensidão infinita de ANTES e DEPOIS. E queremos fazer desse instante medíocre, entre o ANTES e o DEPOIS, algo importante. Ele dizia que éramos patéticos (opinião dele, eu leio para conhecer pensamentos não para encontrar gurus, mas concordo com muita coisa).

Enfim, tinha um programa de entrevista na tv Cultura que eu gostava muito: o Provocações, com o Abujamra (ele morreu). No final no programa ele sempre perguntava para o convidado: "Fulano, o que é a vida?"

Daí o cara pensava e pensava e respondia. Daí ele perguntava de novo: "Fulano, o que é a vida?". Rsrs. Era interessante como alguns ficavam desconfortáveis com aquilo, e o Abujamra fazia de propósito.

Eu gosto de uma definição sobre o que é a vida dada pelo poeta Paulo Leminski. Ele dizia o seguinte:

"A vida é aquilo que acontece entre o sopro e o apagar da vela".

Bruno Sousa
Enviado por Bruno Sousa em 05/04/2023
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