muro

eu queria conversar contigo. porque a gente sempre tinha muito o que falar quando estávamos juntos. parecia haver uma necessidade de falar, de ouvir, de saber tudo sobre o outro, de desbravar os segredos que se escondiam nos cantos dos nossos universos expansivos, que se complementavam juntos. eu só queria ouvir a tua voz. acredita que eu coloquei um antigo áudio teu para tocar, só para me lembrar de como eu adoro o som da tua voz? não me ache maluca - talvez eu seja um pouco. eu só queria que estivesse aqui. como hoje em que me senti sozinha, tão sozinha. solitária e melancólica a ponto de um cartão de biscoitos - que eu colei na porta da minha geladeira - me fazer querer chorar. não, não vou contar o que estava escrito nele. não importa. nunca imaginei que em algum momento ou em algum dia, precisaria tanto sentir o teu toque. saber como seria tocar a tua pele, sentir o teu cheiro tão bom, e saber qual seria a sensação de ficar preso em teus braços e sentir o teu coração bater junto ao meu. hoje eu senti como nunca de uma maneira avassaladora como é querer estar perto de alguém. de como é desejar sentir um simples toque. mas não de alguém qualquer, mas o teu. hoje eu precisei de colo, de uma conversa sem frases de efeitos ou de um otimismo barato. apenas um tempo de alguém dedicado à mim. mas não tive. porque tu não estás mais aqui. eu mesma tive que me acolher, porque ninguém faria isso por mim. contudo, isso não impede que eu sinta a tua falta. tu costumava ser a minha paz. é sufocante o fato de que eu não posso mais te tocar, ou apertar a tua mão. é angustiante não poder te abraçar e calar tudo aquilo que grita intensamente dentro de mim. a distância tem mania de infar nossos sentimentos. eu sinto a tua falta. e dói. toda vez que eu penso em falar contigo, em te mandar uma mensagem, meus dedos param no teclado do celular. eu já ensaiei milhões de frases, mas apago antes de clicar no botão enviar. tu não és mais aquela pessoa quentinha que eu conheci. tu não sorri mais tanto quanto antes. tu não me trazes paz como antes. há um muro gigante que se ergue sempre que eu chego perto de ti. eu espero o muro ruir, mas é em vão. eu te amo, muito. mas não gosto mais de ti. de quem tu és hoje. tu achas que eu mudei, mas eu que não te reconheço mais. ainda sou a mesma, mas tu não sabes mais quem és.

tu deveria me conhecer melhor que qualquer um. dor.

Belinda Oliver
Enviado por Belinda Oliver em 11/05/2023
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