I-XCVI Jaezes de vida e morte

Ao cairmos no mundo passado, onde nos fez vítimas ao acaso,

pisamos e criamos laços, que, mais longe do que vi,

serviram de apoio ao alvoroço dos outros:

Queriam ter-nos separados! Parte exilada aos muros,

ao outro coração, cuidariam os corruptos.

Alegrei-me por momentos quando vivíamos às espreitas.

Era pelo reflexo do rosto, pelo jeito e afeição,

nos inspiravam sermos vítimas da paixão que,

de imediato, senti-me afim, sendo tudo por mim:

Era minha a cova e a carcaça, a lona de sangue encharcada,

a esperança já fragilizada, a vontade de ser nada.

Era cada vento algum pranto, todos vamos perdendo alguns planos.

Queria ter na vida mais vergonha fundamentada,

mais cautela entre as falas, pois perdi-me nas palavras.

Murilo Porfírio
Enviado por Murilo Porfírio em 20/06/2023
Reeditado em 20/06/2023
Código do texto: T7818490
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