Talvez

Talvez eu deva sair das pessoas, deixar de orbita-las.

Talvez eu deva sair dos retratos, me deixar apagado.

Talvez eu deva sair das rotinas, me tornar uma frase esquecida.

Talvez eu deva abandonar as versões que me tornei ao longo dessas translações.

Talvez, porque não sei precisar.

Talvez, porque não quero importar.

Talvez, porque não sei contar e os dias passam, o peso aumenta demais e ninguém perguntou do meu estado catatônico.

Talvez porque não queiram saber.

Talvez porque não devam saber.

Talvez porque não tenho clareza e canto tristezas em cada precessão.

Mas, por fim, talvez eu deva sair das pessoas, deixar de orbita-las, me redirecionar para longe porque, para essas estrelas, eu sempre fui nada.