Um "não" para o outro, um "sim" para mim

Há alguns meses, comecei a trabalhar.

Por ser caminho do trabalho de uma pessoa da família que mora na mesma rua, combinamos de ir juntas.

Eu de carona com ela.

Essa pessoa tem o controle de acesso ao condomínio que moro, pois moro com a minha avó, mãe dela.

No decorrer dos dias, passei a sentir um clima pesado, sendo desagradável para mim continuar nas viagens diárias.

Pessoa difícil de lidar. Eu ficava a cada segundo pisando em ovos.

Sentia medo de falar qualquer palavra e ela sentir-se amargamente ofendida, como é de si.

A cada dia que passava, trocávamos menos palavras nas viagens.

Era um peso sem tamanho. Um medo absurdo de falar.

( Já brigou com todo mundo em sua família, não tem amigos ou pessoas com quem goste de conversar.

Longos anos de percalços.

E volta a falar como se nada tivesse acontecido.

Não há resolutiva, pois, para a explosiva, seria uma nova briga.

Tantas gestalts inacabadas...

Disse, com a maior potência de si, que teve alta da psicóloga a qual fazia psicoterapia.

Pensei "como pode em 2 meses conhecer e trabalhar todas as pedras de si?"

Nesse angu tem caroço )

Eu não sabia como dizer que não iria mais pegar carona com ela.

E continuava a ir, mesmo me sentindo muito mal.

"Como será que ela se sente?", ficava a imaginar.

Conversei com meu psicólogo em várias sessões sobre o assunto.

Depois de alguns dias intercalados indo de aplicativo (praticamente fugindo de casa mais cedo que o habitual para não encontrá-la), e, principalmente, porque essa pessoa fez um verdadeiro barraco na administração do meu condomínio, por motivos psicológicos de si mesma,

Finalmente, ontem, eu disse, incisivamente, que não iria mais pegar carona:

"Vamos, mulher", ela dizia, com a maior doçura.

"Por que tanta insistência?", eu pensava.

"Não, não vou, tô conseguindo acordar cedo e ir de ônibus", eu respondia, fingindo que estava indo de ônibus e, também, fingindo que não sabia do barraco que ela fez na adm.

"Passo já aí", ela respondia, sem dar importância à minha decisão.

"Não, obrigada. Já estou saindo de casa", eu, ainda com saco de responder, retrucava.

Quando eu estava saindo de casa, feliz por estar liberta, indo me encontrar com o motorista de aplicativo (moto) para sair, ela apareceu, dizendo que tinha ido me buscar.

Pensei comigo "Meu deus!, eu disse três ou quatro vezes só hoje que não iria, porque ela não consegue entender a minha decisão? Estou me sentindo em um relacionamento abusivo".

"Chamei um aplicativo, já estou saindo" e corri, me tremendo todinha.

"Num acredito não", ela disse, como se não soubesse que eu tinha dito que não iria com ela, e sem aceitar a minha decisão.

E saiu com mais de mil, sentindo muita raiva de mim e quase levando junto o portão do condomínio.

"Ei! Cuidado com o portão!", disse o vigia na hora do episódio circense.

Nessa hora eu estava subindo na moto do app, e vi a hora ela passar por cima, de tanta raiva que sentiu.

É uma pessoa extremamente abusiva.

Todo aquele ciclo de relacionamento abusivo, ela faz com familiares.

E isso há muitos anos, desde a sua adolescência.

Pelo visto, nunca achou que isso fosse algo ruim pro psicológico das pessoas,

Muito menos para o dela.

Mandei o motorista ir pelas ruas de dentro do bairro, não queria que fosse pelo mesmo caminho que ela, pois eu estava com muito medo.

Cheguei no trabalho me tremendo toda.

Odeio que não aceitem minhas decisões.

Ela trata-me como criança, que não pode ter opiniões e atitudes diferentes das que ela quer.

Não sabe lidar com um "não".

Tudo deve ser do jeito que ela quer.

Não mais nos falamos.

Pelo visto, quer que eu a peça desculpas, como é de seu ritual abusivo.

Agora tô com medo de ficar em casa, com minha avó, e ela aparecer por lá.

Não quero ter contato por um bom tempo.

E estou me sentindo muito bem com a minha decisão. Livre de um fardo diário.

Um "sim" para mim; um "não" para o outro.

E você, como lida com um não recebido?

Sente raiva e não aceita?

Compreende as decisões alheias e as aceita, assim como quer que aceitem as suas?

Gratidão! Precisava desabafar com vocês.

Ouvindo Afetos
Enviado por Ouvindo Afetos em 19/08/2023
Reeditado em 19/08/2023
Código do texto: T7865148
Classificação de conteúdo: seguro