Não alimente frustrações.

Se me perguntassem qual é o caminho certo para felicidade, certamente não saberia dizer, mas poderia sugerir alguns que podem nos distanciar de uma vida infeliz. Certamente, o primeiro seria não condicionar a nossa alegria de viver na reciprocidade, ou na aprovação dos outros. Autoaceitação e autovalorização são fundamentais para que possamos seguir em frente e enfrentar tantos árduos obstáculos que a vida nos propõe, entretanto, faz-se mister compreender que, para certas pessoas, somos nada importantes e pensar diferente disso é nutrir um sentimento de frustração, danoso e corrosivo.

Obviamente, não estou a dizer que todos ao nosso redor estejam conspirando, ou que não haja recíproca, mas que há um campo muito restrito em relação àqueles que podemos, ou deveríamos, projetar nossas expectativas e estabelecer uma razoável linha de confiabilidade. Vivemos em tempos modernos, somos cotidianamente bombardeados por redes sociais, informações, ideologias, doutrinas, comportamentos, consumo, ostentação, e claro, em meio a isso, “seguidores” e “amigos” surgem aos montes. Trabalhamos em ambientes repletos de pessoas, aglomerações e movimentações, mas é preciso entender que, no fundo, naturalmente vivemos (e precisamos viver) certos momentos de solidão. O fato é que são pouquíssimas as pessoas que podemos, verdadeiramente, chamar de amigas. Mais que isso, não se sinta impotente, rejeitado, tampouco procure “forçar uma barra” por algo que está nos outros e jamais dependerá de você.

As pessoas “são o que são” e NÃO cabe a nós tentar mudá-las, mas buscar meios de adequar as nossas expectativas e frustrações em relação a elas. Todos estão cercados de gente que fala dos outros pelas costas, que julga sem conhecer (ou seja, julga pelo que ouve dos outros), gente que inveja as pessoas pelo que elas são, gente que subestima a capacidade do outro, enfim, a depender do ambiente, haverá mais pessoas na torcida contra do que a favor. E ESTÁ TUDO BEM! Sua infelicidade, de fato, começa a ganhar forças quando você passa a dar mais ênfase a esse tipo de situação do que focar no que realmente importa na sua vida. Sim é difícil segurar as frustrações e decepções, quase sempre são amargas, mas elas nos fortalecem e nos amadurecem. Algumas pessoas se preocupam tanto com isso (com o que os outros pensam delas) que abdicam, completamente, de viver suas próprias vidas, guardando rancores, mágoas, sentimentos de ingratidão, vingança, não dando a menor chance para própria felicidade.

Verdade seja dita, sabemos com quem contar nos momentos mais difíceis. Por mais que nos sintamos isolados, há sempre pessoas parceiras que estão dispostas a nos oferecer um pouco de si para nós, sim são poucas, em meio a uma ampla rede, mas são verdadeiras e únicas. De praxe, quase sempre ignoramos aqueles que estão no "campo minado" conosco e nos iludimos com a sedutora (e falsa) impressão de fazer parte de um meio mais "descolado" rodeando-nos de pessoas vazias. O remédio é muito simples, use o velho e bom filtro, valorize as pessoas que verdadeiramente te amam e se afaste (não confunda com “seja inimigo/a”) daqueles que você projeta expectativas que jamais serão correspondidas.

Mais uma vez: está tudo certo! Lembre-se de que as pessoas não são o produto do que você projeta nelas. Elas têm seus compromissos, suas opções de lugares, suas escolhas sociais, suas preferências ideológicas, assim como você também as tem, porém cada um trilha pelo seu caminho. A vida tornar-se-á um pouco mais leve quando passamos a aceitar o fato de que nem tudo (nem todos) será do modo que queremos . Na maioria das vezes, o explícito comportamento de alguns nos revela quem é quem, nada fica velado, pois quem "pisa na bola" não o faz apenas uma única vez, quem vive falando dos outros, também falará de você no momento oportuno, quem não dá importância às pessoas importantes (que vivem ao seu redor) também não te dará, quem costuma ser agressivo com os outros, também será com você. É justamente aí que pecamos, não por culpa do outro, mas por trair a nós mesmos em nossas equivocadas expectativas.

Edilson Neres
Enviado por Edilson Neres em 20/08/2023
Reeditado em 30/04/2024
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