Ângelo

Tinha os cabelos louros encaracolados de um anjo.

Assistia as aulas com a mão esquerda enlaçada com a da namorada.

Sentavam se em carteiras grudadas.

Por horas, nada falava, nada escrevia, e os olhos, os olhos ficavam cerrados o tempo todo.

Quando os abriu, me ouviu falar da mensagem à classe, com um texto de John Doane, "Por quem os sinos dobram".

Não só os olhos se abriram. Um sorriso agradecido também.

Talvez por eu compreender seu modo de não se arredar

para aprender.

Talvez.