O início da escrita

Só escrevo quando sinto algo sobre minhas relações

Textos soltos, quase poemas, confissões

Remorsos, traumas, saudades

Eu fico remoendo as situações por muito tempo, sabe

Uma hora os amigos cansam de ouvir sempre a mesma merda

Eu já não tenho muitos, melhor não perdê-los por besteira

Então eu escrevo, passo tudo o que sinto pro papel, ajuda a drenar um pouco o que sinto, sabe?

Lembro quando começou, foi no ensino médio, tinha acabado de terminar com meu primeiro amor, relacionamento imaturo e conturbado, como é todo primeiro relacionamento

A professora sabia que eu tinha afinidade com as letras, sempre me incentivava, me colocava nos projetinhos da escola, tentava extrair um pouco mais de mim nas aulas, mas eu era nova, não queria nada com nada, faltava mais do que ia às aulas

Quando eu escrevi um poeminha sobre o quão mal tava me sentindo após o término, os dias sem sair do quarto, ela se preocupou, quis conversar comigo, me deu conselhos e eu me senti grata, acolhida, foi bom

E então comecei a escrever um pouco mais, e mais, não lembro ao certo quando parei

O tempo passou, eu vim pra cá, conheci o mais próximo do homem que eu queria pro resto da vida, e como sempre, relacionamento imaturo e conturbado, por mais que a gente fizesse de conta que não

Nunca fui flor que se cheire, sempre instável, difícil de lidar. Ele era um cofre fechado à mil e uma chaves. A conexão que a gente tinha era bem interessante, ele não quis levar pra frente porque tinha mais o que fazer.

Anos depois, cá estou eu de novo

Preenchendo toda a memória do meu celular com palavras soltas no bloco de notas

Sabe o mais engraçado? Comecei a sentir vontade de escrever porque ele começou a postar aqui, nesse site, textos que tinha escrito, será um bom escritor se levar isso pra frente, mas ele precisa achar as chaves do próprio coração, precisa se conhecer e se amar pra isso, senão vai escrever somente o que as fantasias de quem é dizem, e essas fantasias, essas máscaras, capas, muitas vezes o tornam alguém meio merda, como se ser escroto protegesse sua vulnerabilidade, deve ser comum entre vocês homens fazer isso, a gente costuma fazer isso também

Voltando à mim, ontem me peguei pensando em como seria ter um livro meu na minha estante. Foi engraçado. Eu o visualizei por inteiro. Alguns dos textos daqui com certeza farão parte dele. Quem sabe. Talvez quando eu começar a escrever sobre mim e não somente sobre o que eu sinto pelos homens (e meninos) que já passaram pelo meu caminho.

Se bem que dá vontade de escrever um livro com um textinho sobre cada um deles. E tacar fogo depois.

A Musa Irregular
Enviado por A Musa Irregular em 29/08/2023
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