29 de agosto

Nessa última terça aconteceu uma coisa que há tempos não acontecia.

Conversei comigo. Me acolhi.

Cuidei de mim como eu gostaria que tivessem cuidado.

Eu me ouvi. Me permiti ser vulnerável e acolhi o que eu sentia abertamente.

Falei alto comigo, não com crueldade, como sempre acontece. Com compaixão.

E o que aconteceu depois disso?

Meu sono regulou. Recebi duas boas notícias importantes e por muito aguardadas. A vida que parecia tão emperrada num tempo ruim, voltou a andar.

Eu sei que vou me esquecer desse dia, dessa data, talvez do sentimento de acolhimento que senti aquele dia.

Torço para esquecê-lo devido aos tantos outros ainda melhores que virão.

Espero pegar mais leve comigo, fazer mais por mim. Me tratar em terceira pessoa me ajudou muito a ser menos cruel comigo, mas ter firmeza.

Aprendi com mamãe uma coisa terrível e confusa, com o modo que ela nos tratava.

Aprendi com ela que ser gentil é não impor limites, e isso tem afetado há anos a relação que tenho comigo mesma e com os outros. Como se limite fosse crueldade. Castigo.

Hoje ou eu me reprimo totalmente das coisas ou não dou limites a nada. Isso tem me prejudicado muito, especialmente nos últimos dias.

E nessa terça, não. Enquanto eu me acolhia, fazia o que era necessário. Gentileza e firmeza, como aliadas, não como opostos.

Espero me recordar cada dia mais desse erro. Espero caminhar comigo no meu tempo, sem parar, sem me julgar. Apenas seguir no tempo do tempo, sem parar. Sem correr. Sem querer abraçar a água.

A Musa Irregular
Enviado por A Musa Irregular em 31/08/2023
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