Salva-me

Um corpo é um corpo. Assolado pela alma que lhe cabe, degustado pelos olhares que ajuizam, devorado pelas culpas, faltas e excessos que o coração bomba e a psiquê detona.

Um corpo é um monte de carne pútrida no fim de todas as contas que desse mundo - Ei de pagar. São órgãos nem de mais, nem de menos, para a vida brindar saúde, mas...

... Somos um amiúde de falhas, um poço de prazeres rasos e fundos e quando nem isso damos conta de ser - Estamos descoroçoados de bençãos, aquela cousa bendita por sentir quando de longe, a paz está.

Um corpo é um alento do nosso paraíso e caos. Temos sorte, de por dentro, nada depender do abstrato exterior. Mas também não independe de tudo o que tocamos, provamos, inventamos...

Um corpo é um corpo. Uma lenda. Que do pó a terra compadece, da vida perece e do mundo se envaidece - Antes do fim.

Só o espírito sabe, das verdades que o tempo condenou o finado acaso. E foi-se o corpo com a honra de ser um vagão sem destino, para o além.