Diário de uma Jovem Velha - Timeline

Novos cabelos brancos, quase 10kg a mais dos costumeiros 58kg por décadas.

Sorriso de menos e silêncio em excesso. Essa não sou eu, ou não seria se me contassem há 5 anos atrás.

Essa foto não representa nada de mais, mas muito do menos que deixei de aceitar.

Já fui uma mulher muito bonita, de um íntimo voraz, de boca sempre cheia pra falar. Hoje, tenho o desapego como companheiro de gambito da rainha.

Mesmo no fundilho do poço, vivi mais do que desejei morrer. Me expus, repeli, desertei.

Nunca vou ter vergonha de parecer mais velha, gorda e menos inteligente ou feliz e infeliz.

Sabe qual a verdade?

Que vamos viver decepcionando meio mundo enquanto a outra metade não está nem aí pra você. Vamos abraçar a solidão mesmo sem ter a falta do que abraçar.

Vamos morrer um pouco menos indigentes de quando nascemos. Vamos invejar os notáveis revolucionários deste mundo mesmo sem dar valor a nossa própria luta.

Vamos nos machucar sempre e mesmo sem querer, deixaremos isso acontecer.

Então sim. A meia idade é tão tenra quanto o choro nativivo. Nascemos das cinzas.

Não tenho porquês para espantar o tempo. Tenho medo de decepcionar quem me ama.

Enfim.

Que eu tenha tempo de renascer. De vir ao mundo sempre que necessário. Que o perdão me valha.

Esse pequeno diálogo (acreditem, pequeno mesmo) não tem dom de vitimismo por mais que parece ter o tom. Só tem vivência.

Enquanto aqui dentro, moro cada vez mais só, na versão online e filtrada, cada vez mais iludidos.

Com aquela sensação de enganos disfarçados de verdades, quem nunca?