Adendo a 04:04

Não julgue, paciente leitor, o amor que eu sinto.

Sei o que sinto e amo o que sinto, afinal, me sinto transbordar sempre que tenho sintomas do meu amor pela minha riqueza, amo o frio na barriga sempre que vejo aqueles olhos por cima de mim.

Mas veja bem, quem escolheu nos deixar, foi unicamente ele.

Por mim, nunca teríamos terminado. Ele saiu da cidade. Foi morar perto da família e estudar.

Nunca me encaixou nesse espaço. Nunca fui sua prioridade e ele não foi completamente meu em momento algum, tinha apenas uma versão que convivia comigo, a menos importante delas.

Se ele teve outras paixões no meio disso, sinceramente, não sei. Sinto que não, mas não o conheço por completo, não boto a mão no fogo.

Nesse meio tempo, me descobri muito também.

Descobri que carrego comigo diversos amores, sendo o dele o único que ainda cultivo. Mesmo sem a troca ou a entrega que um amor merece para ser cultivado.

Mas tenho sido consciente.

Não me torturo mais com esse amor sem retorno.

Não espero por mais nada dele.

O coloquei também em seu devido lugar.

Não o apresento à minha família, pois ele nunca me apresentou à dele.

Não o recebo novamente em minha casa, pois apesar das minhas duas idas à sua cidade, eu não fui à sua.

Não limito meu corpo somente a ele, pois sei que em momento algum ele sequer pensou em fazer isso.

E assim fica, esse amor sem retorno, que por vezes machuca, por vezes me ilude, mas que eu não largo o osso.

Estou ciente e quero continuar.

Aguardo pelo dia que nos encontremos numa mesma vibe novamente, assim como foi da primeira vez.

Mas esperar é viver morto. E eu ainda tenho muito pra viver. Assim como ele.

Então, paciente e querido leitor. Não julgue meu amor. Eu amo até de mais.

A Musa Irregular
Enviado por A Musa Irregular em 30/09/2023
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