MEU QUERIDO AMIGO

Meu querido amigo,

esta é a última vez que eu lhe escrevo.

Também será a minha última lágrima.

Hoje sonhei contigo novamente...

Desta vez, desta única vez, o sonho foi diferente: você brincava e abraçava sua filha e eu, ao tentar não ser vista, sem querer, deixei um cartão com meu nome cair ao seu lado.

Ao perceber que eu perdi esse cartão, você correu atrás de uma sombra que já não mais existia...

Na verdade, simbolicamente, por meio desse sonho, você fez a sua escolha e o cartão, com o meu nome, era o meu coração, que eu deixei - sem querer - cair ao seu lado.

Esse coração ficou para trás, porque lembro-me, neste sonho, que você não conseguiu mais devolvê-lo, ele se perdeu no tempo e no espaço...

Lamento, mas essa amizade, que tanto durou, que tanto nos trouxe alegrias, que tanto nos confortou, já não mais existe!

E eu nem sei mais quem eu sou?

Uma vez que essa amizade me nutria diariamente.

Tentarei descobrir conforme caminho pela vida...

Só sei que eu me perdi de mim mesma, tão completamente, que em uma única semana, meu segundo coração, que é a escrita, também se perdeu...

Tudo isso dói!

Ao ler seus textos, ao saber que isso tudo não foi e não é "essencial" em sua vida, causam mais dor ainda.

Por isso, desisto!

Desisto de amar uma projeção no infinito...

Desisto de amar uma ideia que somente eu construí em minha mente.

Desisto!

Apaguei seu nome,

nossas lembranças,

nossa amizade...

Por fim, apaguei o que eu tinha de mais bonito dentro de mim: meu coração.

Por isso não há mais necessidade do "evito" do verbo evitar.

Assim que eu levantar dessa cadeira,

toda a nossa história virará memória.

E, realmente, "o sol brilha lá fora"!

Porque os ventos vindos da América do Norte batem em minha janela,

com contentamento.

Não irei fechá-la!

Ela sutilmente abriu em meu destino e me traz paz e alegria.

Adeus meu querido amigo!

Tatiana Pereira Tonet
Enviado por Tatiana Pereira Tonet em 04/11/2023
Reeditado em 07/04/2024
Código do texto: T7924565
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