O lápis e a folha

O mundo da escrita é algo fascinante, mas o que vou contar agora faz parte de dois fragmentos que se completam na arte da escrita, são eles: o lápis e a folha. Recentemente um lápis deu de cara com uma folha de papel diferente, ela com sua aparência branquinha, sem linhas só as extremidades esperando o rabisco da escrita. O lápis como há tempos não escrevia estava com a ponta mal feita e aos poucos apontou o carvão só para poder tocar na folha.

Antes que pudesse escrever, o marmanjo de madeira e grafite caminhou a distancia com a bela folha sem questionar sua brancura, nem pediu para escrever no corpo dela. Foram várias gargalhadas e sem perceber as afinidades, já se faziam presente sem que ambos tomassem conta do que estava acontecendo numa amizade simples, porém consistente e com muito afeto.

Foram vários assuntos tratados pelos dois objetos da escrita, alguns sobre família e outros sobre o bem estar. O calor foi aumentando e a umidade queria suar a folha, mas o lápis pediu para fazer alguns rabiscos na folha para que ela não sentisse tanto calor, e foi assim que as intimidades começaram. Depois da primeira palavra rabiscada no verso da folha, sendo uma exigência do lápis para deixar o lado puro para um texto solene, cativou-a com clareza já que a palavra fixada no seu verso fazia uma sensação de bem estar.

Um dia veio à convicção de escrever no lado puro, ela com medo das palavras escritas não poderem sair mais relutou um pouco, no entanto linhas escritas de grafite podem ser apagadas com borracha branca, sabendo disso deixou o lápis escrever no seu corpo. Foram palavras pesadas para serem escritas numa pureza constante, mas foi bem aceito pela folha e de tanto escrever o lápis quebrou a ponta.

Passaram-se alguns dias e os dois vieram a trocar contato novamente dessa vez foi numa época especial, o natal na veia expressou o ar da sabedoria mesmo que o toque tenha sido no sonho descompassado, uma realidade presente com detalhes situados e sensações verdadeiras. Após um período o lápis criou coragem de contar o que sonhara a linda folha e ele começou a tremer e a calibrar o sentido do sonho e novamente vieram todos os calafrios sentidos durante o cochilo que gerou o sonho.

Sabe-se que ver a folha límpida pela brancura foi a melhor visão já captada por um lápis, sobretudo o medo sempre presente fere a delicadeza do instante, pois fica a amizade ainda mais forte e o contato diluiu o que antes ficava apenas na cabeça, agora aflorou para a emoção. Sem palavras fomento a sensibilidade e a pureza dessa folha sem qualquer pensamento errado de seus limites e de sua fascinante vida depois que se desprendeu da arvore e transformou-se em folha.

ZUKER
Enviado por ZUKER em 26/12/2007
Reeditado em 27/12/2007
Código do texto: T792577
Copyright © 2007. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.