O ÚLTIMO POEMA

Hoje, resolvi escrever o meu último poema. Não sou, na verdade, um grande escritor. Apenas, escolho bem as palavras. O que é, naturalmente, diferente de transformar... - E, entre esse aspirar/querer, revisito Bachelard: "A palavra fala". Um último poema é como o último suspiro do poeta. Essa morte literária não precisa ser virtuosa: um tratado póstero para que eu venha a findar com honra. Pois, a vaidade faria da minha inabilidade, tolerância... - E, é melhor admitir logo uma natureza de inspiração modesta, que prolongar o sofrimento com esperança. Que seja como uma simples carta de adeus, retirada o livro dos comuns... - Que amam sem sofrer. E viver se enganando é a pior das ilusões. O meu maior erro não foi ter acreditado nas minhas escolhas, mas fazer delas a única precisão. Deixo para trás o que tomei nota cujo roteiro me oferece, de consolo, o céu dos passarinhos. (...). As ondas se quebram na praia, paralelamente, em um exercício sem fim... - Mesmo a vida se movendo em várias direções. Haveria de chegar a minha hora. O sol dourou o horizonte ressuscitando os meus ais... - Mas, não agora! Nada se baste em sí... - Que sempre haja recomeços dentro de mim.

Misael Nobrega
Enviado por Misael Nobrega em 03/01/2024
Reeditado em 07/02/2024
Código do texto: T7968209
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