O Homem Que Me Perdi aPAIxonadamente

O meu pai, o homem que me perdi apaixonadamente. Passei 3 anos de minha infância sendo criada por ele, mas o que eu mais temia era o divórcio entre meus pais. Pensamento de toda ingênua e feliz criança.

Eu não conheço mais esse homem. O homem que eu nunca consegui dizer um "eu te amo" sem ser seco e murmurado; O homem que fazia baladinhas de música eletrônica comigo até de madrugada; O homem que me serviu como inspiração acadêmica; O homem que sabia meus cantores favoritos; O homem que me amou e me abandonou da tarde para a manhã seguinte em um piscar de olhos; O homem que, amargamente, me trocou por camas temporárias; O homem que me perdi apaixonadamente.

São noites que, de pouco em pouco, voltam, papai! Lembra de quando você saía com seus amigos e pedia lanches para mim? Quando você viu que eu me sentia bem tocando certos instrumentos e os dara para mim? Quando eu passei as férias na casa do senhor pela primeira vez? Quando eu lavava minhas roupas e cozinhava minha própria comida? São coisas que, na casa da mamãe, eu não podia fazer. Ah, férias de muito sono! O senhor trabalhava, treinava e corria, enquanto eu? Dormia no sofá com nossos gatos, com o volume alto na TV de podcasts de terror. É, pai! O senhor, apesar de jovem, não é fácil não! Ainda mais quando te vi chorando alguns minutos antes de voltar para a casa da mamãe. Você, apesar de não ser um DiCaprio da vida ou quaisquer outros galãs podres de ricos de Hollywood, é o homem que me perdi apaixonadamente. Eu te amo.

De sua (não) única -e eterna- criança, Lê.