MOMENTOS

Por mais longas que sejam as nossas existências, sendo elas monótonas ou agitadas, o que realmente tem significado e dá relevância ao fato de estarmos vivos, são os breves momentos que, incômodos ou satisfatórios, permanecem vivos em nossas memórias.

Estão presentes em cada um de nós, fragmentos dos encontros ainda que fortuitos com pessoas ou animais de outras Espécies, palavras, imagens claras ou difusas, acontecimentos em ambientes isolados ou em público que provocados por nós ou que nos surpreenderam e que, independentes de nossa vontade, permanecem nítidos e sem explicações na maior parte das vezes.

Tal como nos “diários de bordo” dos navegantes, tenho o costume de anotar situações inusitadas que vivi ou que presenciei nessa minha longa vida, já beirando os oitenta anos.

Entretanto não sei se acontece só comigo, mas na maioria das vezes apesar dos acontecimentos permanecerem vivos, as fisionomias dos participantes, desaparecem quase completamente da minha memória.

Até mesmo daquelas pessoas conhecidas ou parentes de quem estive bem próximo e que de alguma forma foram relevantes.

Talvez seja estratégia do cérebro para evitar o desencanto diante das alterações que o tempo entalhou nas imagens antigas dos conhecidos, deixando apenas o material que vai alimentar as hilariantes conversas “sobre os velhos tempos” que nos dão satisfação e revigoram as amizades...