Para Eduardo, que me fez sentir como ninguém.

Recentemente um rapaz chamado Eduardo saiu comigo, acredito que fora um encontro. Fomos ao cinema assistir um filme infantil e comer a pipoca do mesmo lugar. Não era o primeiro encontro, esse já havia acontecido. Fora num parque, ali próximo ao cinema. Fim de tarde, bolinhos de leite e trigo, suco de latinha, filosofias, reflexões, beijos tímidos, chamegos e críticas ao capitalismo foram parte deste primeiro contato. Sinceramente, não haveria primeiro encontro melhor. Voltando para o cinema, não foi tão diferente. Havia pegada, conexão, química, desejo e vontade, porém, carregadas de medos e inseguranças que rodeavam aqueles dois corações. Eduardo não parava de me olhar, de me dar carinho, não soltou minha mão um minuto do filme, onde teria feito uma concha a qual eu guardaria todos os seus beijos. Eu, bastante inseguro, fiquei tenso, com medo, calado, mas não evitei sentir. Era algo diferente do que quando saímos com alguém novo, pelo menos para mim. Havia carinho, cuidado, valorização e uma parcela de reciprocidade. Eduardo e eu andamos de mãos dadas pelo shopping, trocamos colheradas de sorvete, olhares intensos, beijos demorados, mais críticas ao sistema político, planejamos revoluções, lemos poesia e cantamos rock nacional juntos. Um encontro digno de ser chamado de perfeito. Acho que fora a última vez que eu vi Eduardo, já que mesmo sentindo, ainda estaríamos carregados de medo, infiltrados numa confusão de sentimentos. Eu nunca havia sentido isso, não por alguém como ele. Seu cheiro ainda está gravado em minha calça jeans a qual não tive coragem de lavar, para não perder a única coisa que me sobrou sua. Além disso, guardo duas garrafinhas de água a qual comprei para ele nestes dois encontros, talvez seja uma das poucas coisas que tocamos juntos, mesmo querendo tocar em muitas outras coisas. Que gratidão foi poder sentir verdade, carinho, desejo e vontade em uma única pessoa, além de amizade, confiança e senso de humor. Espero que tu volte um dia Eduardo, ainda gostaria de refletir tantas outras coisas, comer mais uma rodada de bolinhos com você e poder te beijar por mais uma vez. Obrigado por ter me dado uma chance de te encontrar, mesmo depois de tantas outras oportunidades negadas.

Querido Arthur
Enviado por Querido Arthur em 15/04/2024
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