MUDANÇA DE ROTA
Tomo por base para essa reflexão, o texto bíblico que está em Lc 24, 29-33.
Relembrando a passagem toda, podemos dizer que os discípulos indo para Emaús, caracteriza uma grande decepção: Jesus era a grande esperança de salvação, mas agora estava morto e não havia aparecido mais, mesmo que alguém tivesse falado que ele não estava mais no sepulcro, isso não resolvia, pois a ele mesmo (Jesus) ninguém tinha visto. O relato do Evangelho diz que os dois iam conversando sobre o que tinha acontecido. Vamos imaginar um diálogo:
- Pois é, o que será que fizeram com o corpo de Jesus?
- Eu acho que roubaram para acabar de vez com o nosso grupo.
- E eu que já estava acreditando que ele iria realmente salvar nosso povo dessa situação de opressão (Pax Romana).
- Falou e fez tão bonito e, na hora de resolver a situação, morreu.
- E pior, morreu na cruz, é a pior condenação que existe.
- Como pode acontecer uma coisa dessas! Eu larguei tudo, meu emprego, minha casa, tudo. Agora ele morreu, não mudou nada e nós ficamos aqui, sem saber o que fazer.
E neste momento imagine que chegou Jesus e eles lhe relataram toda essa tristeza. Jesus, aos poucos, se mostra para eles, e eles o reconhecem. Mas, observe que eles o reconheceram após o partir do pão. Porém, antes disso eles o aceitaram em casa, e isso é importante e necessário: não importa a situação em que nos encontramos, nosso auxílio, que está em Jesus, começa aceitando-o em nossa morada, e nós mesmos somos sua morada.
O texto continua e diz que eles se levantaram imediatamente e voltaram para Jerusalém. Quando percebemos que estamos caminhando para o lado contrário daquele que Jesus ensinou, ele próprio se nos apresenta e nós, então, voltamos para o caminho certo. A presença de Jesus realizou o milagre. Os discípulos voltaram para Jerusalém transbordantes de alegria. Provavelmente foram correndo e talvez nem conseguissem trocar palavra alguma, ou se falavam, falavam os dois ao mesmo tempo. Corriam como loucos, sem se preocupar com o horário, com os perigos, com os buracos, as pedras que tivessem no caminho, porque o que eles queriam dizer para os outros que Jesus estava vivo e ressuscitado, e havia aparecido para eles. Era muita euforia.
O que será que os levou a acreditar que realmente valia a pena voltar correndo e anunciar que Jesus estava vivo? Qual o motivo de tanta alegria?
Nós precisamos mudar de rota também. Acolher Jesus e sair para anunciá-lo.
Às vezes é necessário olhar para nós mesmos e reconhecer que é preciso mudar de rota. Dizer não para as idéias absurdas que carregamos conosco e que nos afastam dos outros. Mudar de rota é voltar-se para Deus sem desprezar os irmãos.
Voltemos para Jerusalém! É lá que o Senhor ressuscita e vence toda tristeza e toda tentativa de cancelá-lo de nossa memória. Precisamos voltar “a fazer do mistério pascal a fonte de nossa esperança!” (Cardeal Van Thuan).
Alegremo-nos em Jesus e brademos com fé a ressurreição do Senhor porque ele disse: “tende coragem. Eu venci o mundo” (Jo 16, 33).
Voltemos para Jerusalém, mudemos de rota, sejamos a verdadeira Igreja, que é uma em sua essência de amor e serviço.
Nessa mudança de rota, coloquemos os nossos dons a serviço do Reino de Deus na sua Igreja, como verdadeiros irmãos, unidos a Cristo e apoiados na proteção de Maria, que apoiou Jesus e abraçou o projeto de viver o Reino de Deus.
Amém.