Um corpo, um cosmos

Não vejo muita indulgência no que concerne ao que penso sobre o que sou. Há muito desdém, méritos renunciados. Aquiesço ao volátil e intermitente, aquilo que é visto aos seus com roupas e adornos, e aqui, enxergo nu e ignóbil. É dificil estar descalço, mas é quimérico vestir-se de sandálias que descamam os pés e fazem mancar. A terra ao abrigo da minha nudez é inspiradora, extravagantemente simples. O rastejar infinito de partículas infinitas levando-me a lugar nenhum e a todos os cantos. É algo irrenunciável, porém eternamente transferível. E então, o que mais me incomoda sobre a minha letargia é a animosidade inquilina em seu cerne, que exalta do mais bobo e raquítico ser ao mais exuberante e prestigioso imbecil. Minha pretensão é mpronunciável, caída dos céus, detentora da luz negra que paira sobre a minha testa, anunciando o sublime nascimento da minha também perspicácia balbuciante, epítome dos serenes prenúncios de gozo físico e deleite intelectual advindos dos tesouros das minhas experiências. Sou, então, infindável, fato celestial ascendendo e desvanecendo, em órbita, à luz, ao tempo, sem espaços, em silêncio.

Sou o universo sonhando consigo mesmo.